Oswaldo Cruz. Acervo/ Estadão
Muitas décadas antes da dengue assumir um caráter epidêmico no Brasil, do chikungunya e do zika vírus serem diagnosticados, o combate ao mosquito Aedes aegypti já era um caso de saúde pública no País. No começo do século 20 a batalha era contra a febre amarela. Transmitida pelo mesmo mosquito, a doença havia se espalhado pelo Rio de Janeiro durante o governo de Rodrigues Alves (1902 - 1906).
Oswaldo Cruz foi o médico sanitarista chamado para conter essa e outras moléstias - como a varíola e a peste bubônica – que se proliferavam pela capital da República.
Em 1903, o jovem médico foi nomeado diretor geral da Saúde Pública e recebeu amplos poderes para sanar os problemas de Saúde e Higiene Pública da capital. Convicto de que ao eliminar os mosquitos conteria a febre amarela, Oswaldo Cruz iniciou sua cruzada contra o inseto sob a promessa de livrar o Rio da doença em três anos. O Estado noticiou os avanços da campanha do sanitarista.
Morte ao mosquito. Enquanto muitos médicos acreditavam que o contágio se dava através do contato com roupas, colchões e secreções dos doentes, Oswaldo Cruz acreditava que a febre amarela se propagava através de um vetor, o mosquito. Por isso era preciso combater seus focos de proliferação. Para tal, ele criou o Serviço de Profilaxia Específica da Febre Amarela e as brigadas de “mata-mosquitos”. Agentes sanitários, munidos de larvicida, eram encarregados de eliminar os locais e meios onde as larvas do mosquito se desenvolviam.
Seu plano de ação envolveu medidas impopulares, como a entrada dos agentes nas residências e a remoção de doentes para o Hospital de Isolamento São Sebastião. Na época a técnica de medicina preventiva aplicada por Cruz estava em seus primórdios. Pouco conhecida, era questionada até mesmo nos meios médicos. O sanitarista não foi poupado de críticas.
Mas, apoiado pelo governo, seguiu com a campanha. Os registros da mobilização mostram que todos os 65 mil prédios da cidade foram visitados por seus agentes, três mil casas foram consideradas insalubres e foram condenadas, centenas de construções de madeira podre foram demolidas e milhares de notificações foram encaminhas. Um ano após o início do plano, a doença mostrou um retrocesso. Em 1903, a febre amarela havia matado 469 de pessoas, em 1904 os meses de verão, com maior incidência da doença, o número de mortes foi 39.
O Estado de S.Paulo - 05/8/1972
Em 1907, Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro da imperatriz da Alemanha na Exposição Internacional de Higiene de Berlim. No mesmo ano, o médico enviou um comunicado a Afonso Penna, o novo presidente da República, declarando que a febre amarela não era mais uma epidemia na capital do País.
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Tag: Aedes aegypti, febre amarela, Oswaldo Cruz
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