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Era uma vez em SP... Edifício Santa Helena

Local abrigou badalado cinema nos anos de 1920 e foi demolido para construção do Metrô

Por Liz Batista
Atualização:

 

Vista do Santa Helena com frente para a Praça da Sé, em 1954. Acervo/ Estadão

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O Edifício Santa Helena foi ao chão em outubro de 1971 para dar lugar à primeira linha do Metrô da capital, a Linha Norte-Sul. O prédio, uma estrutura de cerca de 25 mil m² que ficava entre a Praça da Sé a Praça Clóvis Bevilácqua, era uma tradicional referência arquitetônicas do Centro e abrigava um dos mais famosos cine-teatros da cidade, o Cinemundi. A entrada principal era voltada para a Sé e funcionava como acesso para as salas de cinema e teatro.

O prédio, de uso comercial misto, chegou a abrigar escritórios de Direito de renome como o de Alfredo Buzaid, que depois se tornou ministro da Justiça, e ateliês de artistas como Alfredo Volpi e Di Cavalcanti. Para dar passagem ao Metrô, outros imóveis também foram desapropriados e demolidos. Foi o caso do Edifício Mendes Caldeira, implodido em 1975. O prédio foi o primeiro imóvel a utilizar o método de implosão para sua demolição, um evento que foi até televisionado.

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Santa Helena. Inaugurado em 12 de novembro de 1925, o palacete projetado pelos arquitetos Corberi e José Sacchetti havia sido concebido para ser o “edifício mais bonito da cidade”. Assim contava o seu proprietário, o tradicional político e ex-presidente do Estado de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins. O nome era uma homenagem à sua esposa Helena, o “Santa” foi acrescentado devido à proximidade com a Catedral da Sé. O sucesso da noite de inauguração ficou por conta da estreia da comédia "Ideal Prohibido", muito apreciada pela audiência como mostrou matéria do Estado.

O prédio, de sete andares, era dividido em 5 blocos - três de frente para a Praça da Sé e dois para a Rua 11 de Agosto, e tinha uma fachada decorada por figuras de anjos esculpidas em cimento,que o destacava entre as edificações da região. As salas de cinema do Cinemundi eram as grandes atrações do local. Todas decoradas em estilo barroco, fizeram do Santa Helena uma das atrações culturais mais badaladas das décadas de 1920 e 1930. No mesmo período o “Clube Santa Helena”, criado por pintores e artesão que mantinham ateliês no prédio, abriu suas portas para os artistas da cidade. O local fervilhava cultura e lazer. No subsolo funcionou o Salão Egípcio onde eram realizadas festas, banquetes e outros eventos sociais. Depois, uma boate de charleston -ritmo quente dos anos de 1930 - ocupou o espaço. 

O Estado de S.Paulo - 28/10/1971

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A década de 1940 marcou o início da decadência do palacete. Muitos dos ateliês e escritórios tradicionais deixaram o prédio e as salas de cinema começaram a enfrentar dificuldades. Os herdeiros de Albuquerque Lins decidiram vender o imóvel em 1943.

Tag: Praça da Sé

 

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