Há 100 anos, EUA abandonavam neutralidade e entravam na Primeira Guerra Mundial

Guerra submarina e interferência alemã no México levaram americanos a entrar no conflito

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Por Liz Batista
Atualização:

A entrada dos EUA na Primeira Guerra é manchete no Estadinho, edição noturna do Estadão, de 5/4/1917   

Em 6 de abril de 1917, após se manterem em uma posição de neutralidade por mais de dois anos, os Estados Unidos, declaravam guerra contra a Alemanha. A notícia foi publicada na capa do Estado daquele dia, a nota contava que o Senado americano havia votado e aprovado a declaração de guerra. O ato marcou a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial. Forças americanas se juntaram aos aliados no conflito contra a Alemanha, fornecendo vantagens decisivas para a vitória. O equilíbrio de poder no mundo entrou numa nova era. Após séculos de primazia, os britânicos viam sua influência diminuir,enquanto os Estados Unidos mostravam sua relevância até mesmo em questões europeias e se provavam como a maior potência do globo. 

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Neutralidade. Desde o início do conflito em 28 de julho de 1914, o presidente americano Woodrow Wilson mantinha o país numa posição de neutralidade. Sem colocar barreiras às oportunidades comerciais que guerra trazia e voltado para as questões do continente americano, Wilson procuravaapresentar-se como um mediador para a paz na Europa. O distanciamento do conflito foi uma promessa de campanha na eleição presidencial de 1916. “He kept us out of war!” (Ele nos manteve fora da guerra) e “America First!”, (América primeiro) - hoje apropriado, reciclado e reutilizado pelo presidente republicano Donald Trump - estavam entre os slogans usados na campanha de reeleição do democrata Wilson. Apesar de apelos pontuais para a intervenção no conflito, a maior parte dos americanos mostravam-se satisfeitos com a neutralidade. Tudo isso mudaria no início de 1917, quando duas ações da Alemanha fizeram a potência americana rever sua posição e decidir ir à guerra.  

O Estado de S.Paulo-20/8/1914

EUA em guerra. Em 9 de janeiro de 1917 o Império Alemão aprovou a guerra submarina total. A medida conferia aos submarinos autorização paraviolar as leis de não agressão marítimas e torpedear sem restrições as embarcações que encontrassem pelo caminho, fossem elas inimigas, navios de países neutros, mercantes e de passageiros. Cientes de que o ato criaria sérias tensões com os Estados Unidos, que até então se mantinham neutros, e antevendo a possibilidade da entrada dos americanos na guerra, os alemães tentaram costurar uma aliança militar com o México e com o Japão.

Dez dias após declarar a guerra total no mar, uma comunicação diplomática secreta da Alemanha foi interceptada pelo serviço de inteligência britânico.Conhecida como Telegrama Zimmermann, a correspondência instruía o embaixador alemão no México a, caso os Estados Unidos entrassem na guerra, oferecer ao governo mexicano auxílio financeiro para recuperar os territórios correspondentes aos Estados do Texas, Arizona e Novo México. A intenção seria manter os americanos ocupados no continente e diminuir a importação de armamentos para os aliados.

Em fevereiro, a Alemanha intensificou a guerra submarina e afundou navios americanos em águas internacionais Em março, Arthur Zimmermann, secretário de Estado alemão, confirmou a autenticidade do telegrama. No início de abril, o presidente Woodrow Wilson deu início aos procedimentos para a declaração de guerra. Em junho de 1917, as primeiras forças americanas chegaram à Europa, 14 mil soldados juntaram-se aos aliados na França. 

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O presidente americano Woodrow Wilson se reune com ministros após declarção de guerra, abril de 1917.

 Reprodução L'Illustration  

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