Julgamento do caso Celso Daniel foi anulado em 2014

Prefeito de Santo André foi sequestrado e assassinado a tiros em janeiro de 2002

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Por Redação
Atualização:

14 anos depois, um dos crimes de maior repercussão nacional continua sem um desfecho jurídico. Celso Daniel era prefeito de Santo André pelo PT e coordenava o programa da campanha de Lula à Presidência quando foi sequestrado e assassinado em janeiro de 2002. Celso Daniel estava numa churrascaria em São Paulo na companhia de Sérgio Gomes da Silva. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado em Juquitiba com sinais de tortura e sete tiros.

O amigo do prefeito foi apontado como um dos suspeitos de ser o mandante do crime, mas a polícia concluiu que o petista foi morto por 'criminosos comuns'. Outros acusados pelo crime foram julgados, condenados, várias testemunhas foram mortas e o processo foi anulado pelo STF em 2014. Relembre os fatos que marcaram o caso.

O Supremo Tribunal Federal anulou em dezembro de 2014 o processo do caso. O STF acolheu pedido da defesa do empresário Sérgio Gomes, o Sombra, apontado como mandante da morte do petista e anulou julgamentos realizados na Justiça sobre o caso.

Confissão. Em 6 de março de 2002 o adolescente L.S.N. confessou ter matado Celso a tiros. Em 1.º de abril o delegado Armando de Oliveira Costa Filho apresentou o relatório final da investigação policial concluindo que sete criminosos sequestraram Celso Daniel por engano.Tê-lo-iam confundido com outra pessoa, um comerciante que seria o verdadeiro alvo do sequestro e cuja identidade jamais seria revelada.

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Esta conclusão tem sido contestada pela família da vítima e por membros do Ministério Público Estadual (MPE), que nunca acreditaram na hipótese de crime banal e estabeleceram ligação entre o assassinato e um esquema de corrupção existente na gestão de Celso Daniel na prefeitura de Santo André. Seu irmão mais velho, o oftalmologista João Francisco Daniel, denunciou que eram cobradas propinas para financiar campanhas do PT. Segundo ele, Gilberto Carvalho, que era secretário de governo de seu irmão, lhe teria contado que chegou a transportar malas de dinheiro de Celso para o então presidente do PT, José Dirceu. Com base nisso, ele e outro irmão, Bruno José Daniel, pediram reabertura do caso, alegando que a motivação do crime pode ter sido política.

Mandante. Em 5 de dezembro de 2003, Sérgio Gomes da Silva foi denunciado pelo MPE sob a acusação de ter sido o mandante. De acordo com essa versão, o prefeito teria sido executado após descobrir o propinoduto montado por Sérgio.

Queima de arquivo. Ministério Público suspeita que morte de seis testemunhas do caso podem ter sido queima de arquivo (leia matéria abaixo).  

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Primeira condenação. Em 18 de novembro de 2010 a Justiça condenou a 18 anos de prisão Marcos Bispo dos Santos. Dois anos depois, seriam condenados Ivan Rodrigues a 24 anos, Rodolfo de Oliveira a 18, José Edison da Silva a 20, Elcyd Brito a 21 e Itamar Messias da Silva dos Santos a 20. Durante esses processos, o juiz de Itapecerica da Serra, Antônio Galvão, não permitiu que o advogado de Sérgio, Roberto Podval, participasse do interrogatório dos corréus.

Ação suspensa. Em 4 de dezembro de 2012 o STF suspendeu a ação criminal, que tinha julgamento previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2013. E, em 16 de dezembro de 2014, o STF acolheu a queixa da defesa de Sérgio. Do sequestro de Celso até esta última decisão da Justiça, muitos fatos estranhos se somaram ao caso. O sequestrador Dionísio Aquino Severo foi morto no parlatório do presídio. Outras seis pessoas que testemunharam fatos correlatos ao crime tiveram o mesmo destino.

Tag: Caso Celso Daniel

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