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Nem 'chuva manhosa' desanimava foliões em 1901

'Chovesse ou não chovesse, o último dia de carnaval havia de ser festejado', escreveu o repórter anônimo

Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:

“A despeito da chuva manhosa que de momento em momento procurava transtornar os folguedos, o enthusiasmo conservou-se o mesmo”

no triângulo central de São Paulo naquela terça de carnaval em 1901.

“Chovesse ou não chovesse, o último dia de carnaval havia de ser festejado”

, escreveu o repórter anônimo na edição do

Estado

de 20 de fevereiro daquele ano.

“Momo precisava de uma reparação”

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após dois dias de chuva. E teve. Os carnavalescos proporcionaram

“bôas horas de alegria á gente que com tanta ancia os viu desfilar hontem pelas ruas”.

O destaque ficou com o bando Congresso dos Democráticos. Naquela tarde, desfilaram os Tenentes Carnavalescos, os Galopins e os Fenianos Infantis'.

 

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Ilustração Farrel/Estadão

O desfile dos bandos, como eram conhecidos, começava com o Prestito, “um grupo de batedores” fantasiados. Seguiam-se os carros – divididos em estandarte, alegórico, de crítica ou ideia e de reclame. Entre os carros, desfilavam Landaus enfeitados e lotados de foliões de máscaras e fantasias. A música ficava a cargo de uma banda que vinha logo atrás. E, como em todo desfile, o desfecho era com o ensurdecedor “zé pereira”, com bumbos e cornetas.

 

TRECHOS DE REPORTAGEM PUBLICADA PELO ‘ESTADO’ DO CARNAVAL EM 20/02/1901

"Fechou-se ontem o cyclo do Carnaval deste anno, com muito enthusiamo, não sabemos se graças ao deusMommo ou ao tempo, que esteve menos inclemente do que nos dois primeiros dias. Ao contrario do que vimos no domingo e na segunda-feira, a cidade hontem, desde as 2 horas da tarde, apresentava um aspecto deslumbrante.”

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“Abriram-n’o dois clarins trajando á napolitana e quatro pequenos a cavallo. Seguia-se-lhes o carro do estandarte: uma montanha, sobre a qual uma menina levava o estandarte da sociedade e perto uma gruta, tudo equilibrado sobre uma carroça.”

“Pouco depois os clarins dos Democraticos Carnavalescos anunciavam a entrada do prestito dos intrepidos foliões no largo de Rosario e rua Quinze. Rompia o cortejo uma banda de musica, trajando de almocréves hespanhóes e mosqueteiros.” “No capitel da columna, a estatua de Guilherme Tell, coroando a moldura com uma corôa de oliveira.”

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“Em segundo logar ia o carro do estandarte. Uma gruta, em que ia sentada uma mulher, carregando o estandarte social. Ao flanco esquerdo uma aguia possante suffocava entre as garras um carnavalesco rival.”  “Depois de alguns carros com mascaras avulsos, bem phantasiados, vinha uma surprehendente allegoria – O encanto. Uma sereia empunhando uma lyra, sobre cujos arcos se assentava uma mulher.”

 

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