Em São Paulo, na virada dos séculos 19 para o 20, a festa mais famosa do calendário brasileiro, o carnaval, tinha seu grande momento na recém-inaugurada avenida Paulista. Era ali que acontecia o desfile de carros decorados, o chamado corso. Nos automóveis, com a capota arriada, as famílias da aristocracia brincavam enquanto o povo assistia ao desfile das calçadas. E todos, com ou sem carro, se divertiam, em meio a “guerras” de confete e serpentina.
Em 1912, o corso, que até então acontecia no centro da capital, foi transferido para a Paulista, a primeira rua asfaltada da cidade. "Não será mais na praça da República, mas na avenida Paulista que se realizará o corso e batalha de flores do carnaval deste ano", noticiou o Estado.
As famílias desfilavam nos carros enfeitados. O motorista e o chefe da família iam nos bancos da frente e a mãe no banco de trás, sentada entre as filhas solteiras. Era uma fila de alegria dentro dos automóveis. Nas primeiras décadas, só os mais ricos tinham carros, mas pelos anúncios do jornal nota-se que muitos foliões menos abastados alugavam os carros (preferencialmente os conversíveis) para participarem do cortejo carnavalesco.
Popularização. Depois da Paulista, o corso se espalhou também para os bairros. Para alguns historiadores o fim do corso começou na década de 1930, quando os carros passaram a ter capota fixa. Para outros, entretanto, o costume perdeu a graça quando se popularizou demais, quando a classe média invadiu o corso com caminhões e caminhonetes, espantando as elites e fazendo a moda cair.