"Nem com vela acesa você encontrará outro negócio igual! " O anúncio publicado dia 5 de outubro de 1965, desafiava a fé do leitor ao fazer a oferta de salas, apartamentos residenciais e lojas no edifício Daniel Martins Ferreira, no Largo Paiçandu número 51.
O prédio, oferecido na época com a vantagem de estar no 'ponto mais central da cidade', tem alguns vizinhos famosos, vários deles instalados nas imediações muito antes da sua chegada. Como a Igreja do Rosário, que fica na praça em frente e foi criada pela Irmandade dos Homens Pretos em 1711. O grupo nasceu porque havia restrições para que negros frequentassem as igrejas dos brancos. Sua primeira capela foi erguida onde hoje fica a Praça Antônio Prado. Mas como o local se valorizou, a especulação imobiliária fez o grupo se mudar para o Paiçandu, em 1906. Veja abaixo, no 'Páginas Selecionadas', mais curiosidades sobre a vizinhança. >> Acompanhe a série "Prédios de São Paulo"
A igreja, que hoje tem seu estacionamento fechado por grades, sentiu a crise de segurança que atingiu o centro a partir da década de 70. Enquanto a região espera os avanços dos projetos de vitalização do centro, a
igreja centenária sofre com o descaso. As calçadas ao redor foram domadas por ambulantes irregulares. Os frequentadores das missas estão habituados a ver o padre interrompido pelas ofertas gritadas pelos ambulantes e a serem abordados pelas “garotas do psiu”, prostitutas que trabalham atrás da igreja e oferecem programas aos que saem da missa. Ao lado do edifício está o
Ponto Chic, fundado em 1922, local que faz parte da história da cidade. Foi palco de muitas reuniões dos estudantes de direito da São Francisco e do movimento constitucionalista de 1932. Foi lá, em 1928, que surgiu o Bauru, o tradicional sanduíche de rosbife, queijo, picles e tomate. Em 2009, o
projeto circo-escola Piolim, batizado em homenagem ao palhaço Piolim, prometia retomar o espírito artístico típico do Largo Paiçandu. Mas o projeto ainda não saiu do papel. Em outros tempos, o largo foi ponto de encontro de artistas do Circo. Trapezistas, contorcionistas, palhaços e até cantores populares que tinham o picadeiro como meio de ganhar a vida reuniam-se todas as segundas-feiras, no fim da Avenida São João. Chamavam o momento de Café dos Artistas.
Páginas selecionadas pelo Editor
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19651005-27750-nac-0033-999-33-clas
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20040102-40253-nac-23-cd2-d3-not/busca/Largo+Paissandu
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19840101-33383-nac-0021-999-21-not/busca/largo+Paissandu
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20000308-38858-spo-0074-sbo-z6-not/busca/Largo+Paissandu
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20040102-40253-nac-23-cd2-d3-not/busca/Largo+Paissandu
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20060421-41093-nac-169-szo-zo8-not
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20090710-42269-spo-31-cid-c9-not/busca/Piolim