Presidentes brasileiros discursam na ONU desde 1982

País abre Assembleia-Geral desde 1947 porque foi um dos primeiros a aderir à Organização das Nações Unidas

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Por Liz Batista e Rose Saconi
Atualização:

Tradicionalmente é o Brasil que abre a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1947. Owaldo Aranha, presidente da Assembleia daquele ano, foi quem inaugurou a tradição. Passaram-se 35 anos até que outra fosse iniciada. A partir de 1982, os diplomatas deram lugar aos presidentes.

>> Estadão - 28/9/1982

O presidente João Figueiredo discursa na ONU em 1982. Foto: Acervo/Estadão

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O general João Figueiredo, com um discurso crítico às superpotências mundiais e às tensões entre os países, marcou a estreia de um presidente brasileiro na tribuna da Assembleia-Geral da ONU. A fala de Figueiredo durou 45 minutos. “Estamos no limiar de um mundo novo. Permita Deus que, graças a nossos esforços, seja ele um mundo melhor. O Brasil, eu vos asseguro, está pronto a cumprir sua parte nesse empreendimento”, disse ele.

O texto também enfatizava a necessidade de maiores esforços internacionais para "inverter a maré que leva ao desespero". Figueiredo criticou as superpotências por criarem tensões globais por meio de rivalidade e pediu que os países ocidentais industrializados diminuíssem suas barreiras comerciais, reduzissem os índices de juros e aumentassem os créditos às nações mais pobres.

Outro assunto foi o desafio do terror - na época, o terror eram os arsenais nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética. “Não há, nem pode haver, futuro no triste e inaceitável sucedâneo que é o equilíbrio do terror. Não é possível persistirmos na ilusão de que a harmonia mundial pode alicerçar-se no excesso de capacidade de destruição”, afirmou.

Terminou pedindo cooperação entre os países para “evitar crises econômicas, promover o desenvolvimento econômico e social e poupar as gerações seguintes do flagelo da guerra”.

Em 2011, a presidente Dilma Rousseff foi a primeira mulher a discursar na ONU. Em 2013, na abertura da 68º Assembleia Rousseff fez um discurso contundente contra a espionagem americana, da qual o Brasil foi alvo.

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Guerra Fria

Outro discurso que marcou a história feito por brasileiros foi na abertura da da 18º Assembleia-Geral das Nações Unidos, em 1963. O embaixador João Augusto de Araújo Castro fez o discurso que viria a ser conhecido como os dos três ‘D’. O chanceler brasileiro, corajosamente, propôs três vias para promoção da paz: “Desarmamento, desenvolvimento e descolonização”.

O discurso foi feito durante a Guerra Fria e poucos meses depois da Crise dos Mísseis. E, após declarar que o Brasil não se enquadrava no bloco neutralista, em nome da defesa da soberania nacional, lembrou o direito das nações à uma política externa independente: “Cada Nação, grande ou pequena, será sempre o melhor juiz de suas necessidades de segurança e defesa. Meu país, por exemplo, nunca aceitou a designação de neutralismo para a sua política externa independente”.

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