Primórdios do vale-tudo e MMA: jiu-jitsu x capoeira

Oswaldo Gracie venceu o capoeirista Moleque de Copacabana com facilidade em 1931

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Por Edmundo Leite
Atualização:

Modalidade esportiva das mais populares na atualidade, o MMA (abreviação em inglês para artes marciais mistas, nome adotado para amenizar o termo vale-tudo) deve muito à família Gracie. O centenário de Hélio Gracie, um dos irmãos que popularizou o jiu-jitsu no Brasil, é comemorado neste primeiro de outubro. Além de Hélio, seus vários irmãos protagonizaram lutas com oponentes de outras modalidades em desafios que pretendiam demonstrar qual arte marcial era a mais eficaz. Em 1931, o Estadão noticiava o combate entre Oswaldo Gracie e o capoeirista Moleque de Copacabana, que vieram a São Paulo para lutar no Pavilhão Alcebiades.

 

 

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A expectativa para o combate era grande. A notícia descrevia que Gracie, com seus 63 quilos, submetia-se a provas durríssimas, pelejando contra todos os atheltas que quiseram experimentar a sua força para demonstrar a eficiência do jiu-jitsu como arma de defesa.

"Todos perderam. Não houve, até agora, quem resistisse aos seus golpes fulminantes. Gracie somente exigeque seu adversário use kimono ou um paletó qualquer, permitindo entretando que o contendor lhe desfira qualquer golpe, como rasteiras, cabeçadas, 'rabos de arraia', e até teponas na cara. Por ahi já se pode ver a confiança que o jovem professor patrício tem no esporte que se especialisou. Amanhan vel-o-emos frente ao capoeira carioca, um negro 'gingador', que pesa 88 kilos, mas que tem muita agilidade. Moleque de Copacabana logará impôr o esporte nacional frente ao esporte japonez?"

O resultado do combate, vencido por Gracie no segundo assalto, frustrou o redator anônimo da notícia, que não escondia a sua antipatia pela capoeira no etexto publicado dois dias depois da luta.

"Oswaldo Gracie deve ter ficado bastante aborrecido, pois veio do Rio para provar a superioridade do jiu-jitsu sobre a capoeiragem e regressa sem ter tido a oportunidade de desviar um golpe do moribundo esporte nacional. Que não appareçam mais por aqui "moleques" iguais ao de Copacabana, são os nossos votos." 

 
 

Trinta anos depois, os desafios da família Gracie a outras modalidades voltavam a ser notícia no jornal. Em 1965, o Estadão contava que o dirigente Pascoal Segretto Sobrinho estava visivilmente irritado com as declarações de Hélio Gracie, que havia desafiado qualquer um dos participantes do campeonato mundial de judô que acontecia no Rio de Janeiro a enfrentar seus pupilos do jiu-jitsu. O desafio soava como provocação de Gracie, que tachou o judô de farsa, dizendo que o esporte era uma quinta parte do jiu-jitsu ou "um jiu-jitsu mutilado".

 

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