Sebos protestam contra tarifas da Estante Virtual

Dois milhões de livros foram retirados do site na segunda; site nega aumento e aponta melhorias

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Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:

Um protesto contra a Estante Virtual, o maior site de venda de livros usados e novos do Brasil tirou do site 2 milhões de livros  na última segunda-feira. O protesto aderido por 140 dos 1.300 sebos e livreiros cadastrados no site foi motivado por causa dos novos valores de comissão que terão que pagar para o Estante Virtual. A comissão, vigente a partir de hoje (11), subiu de 6% para, 8%, podendo chegar até 12% (ver tabela abaixo). Já “aumentaram a tarifa”, reclama o livreiro Julio Daio Borges, do sebo JDB, referindo-se ao ajuste feito em 2012 quando a comissão passou de 5% para 6%. O valor varia conforme as metas alcançadas estabelecidas pela nova política chamada “Excelência em comércio eletrônico” que é composta por cinco índices. Para Alex Buzeli, do Sebonet, a maior parte dos parceiros do site não tem como atingir parte dos índices e pagarão a tarifa mais alta de 12%, e os mais prejudicados serão os pequenos. Além disso, a taxa de cancelamento não depende do vendedor, argumenta Buzeli.

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O criador do Estante Virtual, André Garcia, rebate as críticas e afirma que 68% dos livreiros se enquadram em ao menos três dos índices que são tempo médio de postagem, qualificações positivas, cancelamento de pedidos cancelamento por falta de estoque e tempo de acusamento do pagamento do comprador . Garcia, em conversa por telefone com o Estadão Acervo, rejeita a ideia de reajuste ou aumento. Para ele, foi uma revisão tarifária “embasada em solicitações feitas por livreiros no ano passado”. O fundador do site conta que em novembro de 2013 viajou por 10 cidades do Brasil para ouvir parceiros. Das conversas, diz que percebeu a necessidade de novas ferramentas, busca mais eficaz, novas formas de pagamento e investimento em propaganda. Segundo ele, para atingir essas melhorias o custo da operação deve aumentar. Por isso a nova política. O aumento de vendas, diz, traz mais custos para a operação. No primeiro semestre de 2014, informa o Estante Virtual, os custos operacionais aumentaram 98,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A manifestação o pegou de surpresa. Mas foi positivo, “serviu para mostrar aqui dentro que o parceiro tem que ser escutado” disse Garcia. “Foi bom para dar uma sacudida”, completa. A falta de comunicação do Estante Virtual e a unilateralidade das decisões são reclamações constantes feitas pelos livreiros entrevistados pelo Estadão Acervo. Segundo Garcia, as mudanças, algumas já implementadas como ampliação da equipe de atendimento, novo layout do site e pagamento parcelado com cartão de crédito diretamente site, farão com que a venda de livros aumente, e o custo para o livreiro seja amortizado. Ele prevê aumento de 30%. Ao contrário dos livreiros que prevêem aumento no valor dos livros para o consumidor, Garcia afirma que um aumento de vendas na casa dos 7% cobrirá os novos valores estipulados pela tabela progressiva que entrou em vigor hoje. A retirada dos livros só foi durante a segunda-feira, mas o movimento dos sebos e livreiros contra as mudanças continua. Uma petição na internet foi feita e contava com 250 assinaturas. Segundo Julio Daio Borges, alguns livreiros de São Paulo pretendem se reunir no próximo domingo para discutir os próximos passos da manifestação.

 O Estado de S. Paulo - 12/10/2008

História. O site Estante Virtual foi criado em 2008, por André Garcia, neto e filho de livreiros. A ideia nasceu quando era estudante em 2004. Sua peregrinação atrás de livros em sebos para o curso Psicologia Social em São Paulo mostrou a desorganização dos acervos dos sebos físicos. A ideia veio numa época em que os sebos já sentiam a crise. Em 2007, por exemplo, o tradicional sebo Ornabi, que chegou a ocupar 3 andares e abrigar 400 mil volumes, fechou as portas depois de 62 anos de atividade.

 

Atualizado em 12/6, às 11h41.

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