Aumento do preço da passagem, tímidas manifestações estudantis que foram aumentando de tamanho, ganhando adesões e se espealhando pelo País, paralisação e depredação de veículos do transporte público, repressão violenta da polícia a manifestações pacíficas, indignação da sociedade com o excesso e a truculência dos agentes públicos com os "moços".
Poderia ser o outono de 2013 em São Paulo. Mas era outono de 1956 na cidade do Rio de Janeiro. Todos os ingredientes das atuais manifestações em São Paulo aconteceram tal qual nos dias de hoje. Mas como a Cidade Maravilhosa ainda era a capital federal, o problema se transformou numa crise nacional, com ministros e o presidente da República, Juscelino Kubitschek, intervindo. Resultado: o prefeito Negrão de Lima teve que revogar o aumento que dobrava a tarifa de Cr$ 1,00 para Cr$ 2,00 e decretar, após acordo com estudantes, a redução do preço das passagens para Cr$ 1,50 (um cruzeiro e cinqüenta centavos - três reais atuais, de acordo com o índice jornal do Acervo Estadão).
Com a publicação do decreto, a manchete do Estadão de 7/5/1956 noticiou:
"Significativa vitória dos estudantes contra o governo"
"Não há sofisma ou recurso dialético capaz de esconder ou subestimar a esplêndida vitória alcançada em virtude do movimento desencadeado pelos estudantes. As passagens de bonde, que haviam sido absurdamente majoradas, só foram reduzidas por ato assinado ontem assinado pelo prefeito Negrão de Lima, porque os acadêmicos e ginasianos, unidos, serenos e decididos, forçaram o governo. Esta é a verdade indissimulável. A população carioca deve aos estudantes esse inestimável benefício, dívida tanto maior porque foi conquitada com o sacrifício da integridade física de muitos jovens, vítimas de brutais e covardes espancamentos da polícia"
O Estado de S.Paulo - 2/6/1956
O Estado de S.Paulo - 1/6/1956
O Estado de S.Paulo - 7/6/1956
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