Eça de Queiroz

Escritor português

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Por Redação
Atualização:

José Maria Eça de Queirós

25/11/1845, Póvoa de Varzim (Portugal) – 16/8/1900, Paris (França)

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A grafia do sobrenome, “Queirós”, foi adaptada às reformas ortográficas portuguesas já que, na época em que viveu, escrevia-se “Queiroz”. O menino Eça foi criado por uma ama de leite e, mais tarde, pela avó paterna com quem viveria até os dez anos de idade. Estudou no Colégio da Lapa, no Porto, até 1861. Os pais queriam que ele fosse doutor. Cursou Direito na Universidade de Coimbra onde conheceu Antero de Quental, o fundador de um grupo de intelectuais chamado Cenáculo, do qual Eça acabou fazendo parte. Publicou seus primeiros escritos na revista Gazeta de Portugal, que mais tarde seriam compilados no livro Prosas Bárbaras, publicado após sua morte.

  

Formou-se em 1866 e foi morar em Lisboa. A profissão de advogado, contudo, não o entusiasmava. Começou a trabalhar como jornalista, dirigindo o periódico "O Distrito de Évora". Fundou a Revista de Portugal – onde publicou as Cartas de Fradique Mendes - e durante toda a vida continuou escrevendo para jornais e revistas. Assistiu à inauguração do Canal de Suez durante uma viagem de seis semanas ao Oriente com Dom Luís de Castro, o 5º Conde de Resende, de quem Eça se tornaria cunhado. Em visita à Palestina fez importantes registros que integraram alguns de seus livros, a exemplo de "O Mistério da Estrada de Sintra", de 1870, e "A Relíquia", de 1887.

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Em 1870, após entrar para a Administração Pública, foi nomeado administrador do Conselho da cidade portuguesa de Leiria, onde escreveu seu primeiro romance realista, "O Crime do Padre Amaro", publicado em 1875. A amizade com Antero de Quental – que, na época, bebia na fonte revolucionária do libertário Proudhon - o influenciaria a participar, em 1871, das chamadas Conferências do Casino Lisbonense durante as quais discursou sobre “o Realismo como nova expressão de arte”.

O grupo do Cenáculo, que se reunia nas Conferências, viria a ser conhecido como Geração de 70. Dele também faziam parte Jaime Batalha Reis, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Salomão Saragga, entre outros. Os jovens intelectuais pretendiam fazer uma série de conferências, mas não passaram da quinta, já que o governo proibiu as reuniões devido às críticas políticas e religiosas. Surgia, assim, uma onda de protesto que se expandiu pela Europa. O movimento organizado por Antero germinou a chamada “Questão Coimbrã”, uma grande polêmica literária do século XIX que, por sua vez, marcou o Realismo na literatura portuguesa.

Em 1873, na capital cubana, Eça de Queirós foi nomeado cônsul de Portugal. Um ano mais tarde, na Inglaterra, foi também cônsul português em Newcastle e Bristol. Na terra da rainha escreveu A Capital (concluído pelo filho e publicado postumamente em 1925) e prosseguiu com a atividade jornalística, escrevendo para o Diário de Notícias, em Lisboa, as crônicas chamadas Cartas de Inglaterra. Em 1988 foi nomeado cônsul em Paris.

O último romance do escritor, A Ilustre Casa de Ramires marcou sua produção literária pelo estilo crítico-irônico e se tornou uma de suas obras mais célebres. No enredo, um fidalgo do século XIX aspira a participar da política, ilustrando uma analogia feita por Eça com a história de Portugal. O livro de mais de 500 páginas é o cume da carreira literária do escritor português e marca a terceira e última fase de sua obra, caracterizada pela maturidade da escrita. Na primeira fase, pré-realista, os temas tratados pelo autor eram românticos em sua maioria. Já a segunda, a chamada fase realista, tem por aspecto predominante o retrato crítico da sociedade, com influência do Naturalismo.

  

Eça de Queirós é também o autor de "A Cidade e as Serras", "Os Maias", "As Minas de Salomão", entre outros romances. Escreveu também os prólogos dos Almanachs Encyclopedicos e colaborou com o livro In Memoriam (uma homenagem a Antero de Quental). Há quem diga que as obras do realista português tenham sido melhor recebidas no Brasil, uma vez que, em seu país de origem, chegou a ser acusado de desrespeitar as formas clássicas e a gramática, além de abusar de estrangeirismos. Não raro era acusado de antipatriotismo.

Após a morte do escritor, os amigos dele incentivaram a construção de uma estátua no Largo do Barão de Quintela, em Lisboa, em sua memória. Os livros que escreveu foram traduzidos para cerca de vinte idiomas.

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