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Guimarães Rosa

Escritor

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Por Redação
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 João Guimarães Rosa27/6/1908, Cordisburgo (MG) – 19/11/1967, Rio de Janeiro (RJ)O escritor foi responsável por uma expressiva inovação linguística e estilística na literatura brasileira.  As experimentações com a linguagem começam a ser gestadas em suas experiências na poesia: a coletânea de versos, Magma, recebe o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, em 1936 – mas por se considerada pelo próprio autor uma obra menor, permaneceu inédita durante mais de 50 anos, tendo sido publicada somente em 1997. Sua estreia literária ocorreu em 1929, publicando contos na revista "O Cruzeiro". Após uma breve carreira na medicina, tendo atuado como médico na cidade de Itaguara, no sertão mineiro, e como capitão médico da Força Pública do Estado de Minas Gerais, ingressa na diplomacia em 1934.Torna-se cônsul em Hamburgo, onde permanece entre 1938 e 1942. Nessa época, conhece Aracy Moebius de Carvalho, que se tornaria sua segunda esposa e com quem protege famílias judias durante a Segunda Guerra Mundial. Após o rompimento das relações entre Brasil e Alemanha, em 1942, é detido pela Gestapo em Baden Baden e posteriormente retorna ao Brasil. Durante a década de 1940, trabalha ainda como secretário da embaixada brasileira em Bogotá, como chefe de gabinete do ministro João Neves da Fontoura, e primeiro-secretário na embaixada brasileira em Paris. Na capital francesa, também atua como secretário da Delegação do Brasil na Conferência da Paz e como representante do Brasil em conferências da Unesco. De volta ao País, em 1951, retorna à chefia de gabinete do ministro e se torna chefe da Divisão de Orçamento, sendo promovido a ministro de primeira classe.Paralelamente às atividades como diplomata, permanece estudando idiomas e escrevendo. O escritor costumava excursionar pelo sertão mineiro durante as férias, e fez pelo menos duas grandes viagens acompanhando comitivas, em 1945 e em 1952. De acordo com Manuelzão, um vaqueiro participante de uma dessas incursões pelo sertão e que se tornaria personagem de um de seus livros, Guimarães observava o comportamento dos animais, ouvia as conversas dos boiadeiros sertanejos sobre a lida do trabalho e diversas histórias, e ia preenchendo várias cadernetas, como se estivesse realizando um inventário daquele mundo particular. Aos 38 anos, publica seu primeiro livro, "Sagarana" (1946), reunindo diversos contos, dentre eles os famosos “O burrinho pedrês” e “A hora e vez de Augusto Matraga”. Dez anos depois, publica duas grandes obras: "Corpo de Baile" (1956) e seu único romance, o livro que é considerado um dos mais importantes da literatura de língua portuguesa, "Grande Sertão: Veredas" (1956), uma recriação das histórias, cenários e personagens com os quais tivera contato no interior mineiro. Em 1962, assume a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras, e presta um importante papel na delimitação dos limites geográficos do país. Durante a década de 1960, recebe o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra, e publica os livros de contos "Primeiras Estórias" (1962) e "Tutaméia – terceiras histórias" (1967). Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1963, por unanimidade, o supersticioso escritor decide tomar posse somente quatro anos mais tarde, temeroso de assumir a cadeira de imortal. Falece três dias depois, vítima de um enfarte. São publicadas postumamente "Estas Estórias" (1969), e "Ave, Palavra" (1970). A obra de Guimarães Rosa é contribuição inestimável para a cultura brasileira, porque dá ao regionalismo, corrente tradicional da literatura brasileira, um caráter mais extenso e uma dimensão que nunca tivera antes, o universalismo – sob uma perspectiva metafísica, mística e filosófica. As recriações linguísticas do escritor, aliadas ao caráter universalista de sua temática, fizeram com que seus livros fossem traduzidos para diversos idiomas e publicados na França, Alemanha, Itália, Suécia, Estados Unidos, Polônia e Dinamarca, entre outros países, transformando-o não só em um dos escritores mais importantes do país, como também num cânone da literatura internacional, ao lado de nomes como William Faulkner e James Joyce.

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