PUBLICIDADE

Julio Mesquita

Jornalista

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Julio César de Ferreira Mesquita

PUBLICIDADE

18/8/1862, Campinas (SP) - 15/3/1927, Campinas (SP)

Julio César de Ferreira Mesquita foi um dos mais notáveis jornalistas brasileiros e protagonista do moderno jornalismo no Brasil. Seu avô era Joaquim Ferreira Monteiro, um talentoso comandante militar português que veio para o Brasil em 1815, quando a corte lusa se encontrava no país, mas que logo retornou a Portugal em 1824. Durante a guerra civil portuguesa, que opõe monarquistas constitucionais, reunidos sob a égide de D. Pedro IV (D. Pedro I do Brasil), e absolutistas, reunidos em torno da figura de D. Miguel, Monteiro assume o lado destes últimos. Após a derrota dos realistas, Monteiro é obrigado a deixar Portugal, retornando ao Brasil. Pouco tempo depois, o comandante tenta convencer a família a abandonar o Brasil e voltar a Portugal, mas seu filho, Francisco de Mesquita, decide ficar, desacato que lhe rende a perda do sobrenome paterno e a adoção do nome materno, Mesquita.No dia 18 de agosto de 1862, nasce Júlio de Mesquita, filho de Francisco de Mesquita e Maria da Conceição Ferreira. Natural de Campinas, onde os pais haviam se instalado, faz o secundário no Colégio Culto à Ciência. Em 1878, com apenas 16 anos, Júlio de Mesquita matricula-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Se forma em 1883, mas não prossegue na advocacia, preferindo atuar como político e jornalista. Em 1887, com a saúde debilitada, Mesquita parte para a Europa para se tratar. Em 1888, após retornar ao Brasil, ingressa definitivamente na “Província de São Paulo”, nome do jornal “O Estado de São Paulo” antes da proclamação da república. Havia começado a trabalhar para o jornal como colaborador em 1885. O jornal defendia a causa republicana, o abolicionismo e a descentralização do poder.Imediatamente após a proclamação da república, no dia 16 de novembro de 1889, ele se torna secretário do primeiro governo federal republicano em São Paulo. Julio assume definitivamente a direção do jornal "O Estado de São Paulo" no final de 1890. Com o golpe de Deodoro contra o Congresso em novembro de 1891, Julio se alinha aos opositores do presidente e rejeita a moção de apoio ao governo levantada pela câmara paulista. Critica veementemente Américo Brasiliense, presidente do estado de São Paulo e defensor do governo Deodoro, e o "Estado" sofre ameaças. No entanto, sua campanha surte efeito, e os governadores e prefeitos governistas caem. É eleito deputado federal e, em 1893, deputado estadual.Em 1887, o pai de Julio se associa a José Filinto da Silva, se tornando proprietário do jornal. Em 1900, Julio é novamente eleito deputado estadual e inicia a campanha da "revisão", que critica algumas heranças negativas da monarquia para a república, como a proeminência dos militares na política. Em 1902, Julio se torna o único proprietário do jornal. Começa a editar as publicações do jornalista Euclides da Cunha sobre a guerra de canudos em livros que mais tarde iriam compor "Os Sertões". Em 1909, o jornal começa sua campanha civilista e apoia a candidatura de Rui Barbosa à presidência, o que fará novamente em 1919.Durante a Primeira Guerra Mundial, Julio publica seus boletins semanais da guerra, artigos sobre os acontecimentos mais importantes do conflito. Nessa época, defende os aliados, o que faz com que a comunidade alemã no Brasil retire as publicidades do jornal, obrigando-o a reduzir o número de páginas em 1914. A partir de 1924, o jornalista começa uma campanha pela renovação da república e escreve: "temos que reconhecer que isto não é república, ou melhor, a república não é isto". Durante a revolução de 1924, cujos ideais Júlio defendia (embora fosse contrário à solução militarista), o jornalista é preso e a circulação do jornal é proibida.Nos 39 anos em que foi dono do jornal “O Estado de São Paulo”, fez com que ele se tornasse um destaque nacional com uma tiragem de 60 mil exemplares diários (a Província tinha uma média de 4 mil). Lutou pela instrução pública e pelo voto livre e contra os vícios da política dos governadores e o militarismo. Mesquita adoeceu em meados da década de 20, quando se retirou para sua fazenda no interior paulista. Morreu no dia 15 de março de 1927, com o agravamento de uma doença pulmonar.

Páginas selecionadas pelo Editor

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.