Maria Lenk

Nadadora

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Por Redação
Atualização:

Maria Emma Hulga Lenk Zigler

15/1/1915, São Paulo (SP) – 16/4/2007, Rio de Janeiro (RJ)

Filha de imigrantes alemães, começou a nadar por ideia do pai, Paulo Lenk, como fortalecimento pulmonar após uma pneumonia dupla que teve aos 10 anos de idade. Ia até o Rio Tietê, e pendurada por uma vara para não se afogar, deu as primeiras braçadas.

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Seu primeiro clube foi justamente o Tietê, sediado nas margens do rio. Já aos 15 anos começou a competir, participando da Travessia de São Paulo. Foi nesse competição que conheceu João Havelange, que seria seu amigo pelo resto da vida. Venceu em 1932, 33, 34 e 35, ano em que deixou a capital paulista. Participou apenas de um interestadual, ao lado de outra competidora, e foi convidada para disputar os jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles.

Viajou sozinha, sem os pais, em uma delegação completamente masculina (32 atletas) e em uma época onde a presença feminina na Olimpíada era considerada ainda por muitos uma afronta aos bons costumes. Para participar da competição cada esportista teve que vender certa quantidade de café. Ao chegar lá, descobriram que teriam que pagar 1 dólar por atleta e decidiram que somente aqueles com chance de medalha iriam desembarcar. Maria Lenk pode competir devido ao cavalheirismo, que abriu uma exceção e permitiu que a jovem de apenas 17 anos não custasse nada aos cofres da CBD.

Competiu em três provas: os 100m livre, 100m costas e 200m peito. Seu melhor resultado foi o 8º lugar nos 200m. A importância de sua participação foi que além de ser a primeira mulher da América do Sul a participar dos jogos, também aprendeu a importância do treino com as atletas estrangeiras.

A situação melhoraria em 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim. Foi acompanhada de mais cinco mulheres na delegação brasileira. Também pode treinar no navio que levou os atletas, que teve uma pequena piscina adaptada no convés para que os nadadores não ficassem quase um mês antes da competição sem entrar na água.

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Acabou não conseguindo nem mesmo chegar a uma final nas provas que disputou. Seu destaque ficou novamente no pioneirismo, já que foi uma das primeiras atletas a desenvolver o nado borboleta, que viria ser oficializado como estilo olímpico em 1956.

O grande momento de sua carreira foi no ano seguinte, 1939. Quebrou dois recordes mundiais, nos 400m e 200m estilo peito. O primeiro foi quebrado na piscina do Botafogo com o tempo de 6m15s80. O segundo foi batido no Fluminense com a marca de 2m56s90.

Em alta forma para competir, teve que interromper sua carreira Olímpica. Devido a Segunda Guerra Mundial não houve a competição em 1940, nem em 1944, sendo retomada apenas em 1948, nos Jogos Olímpicos de Londres. Entretanto, Maria Lenk já estaria aposentada das competições oficiais, abandonou o esporte de alto rendimento em 1942.

Continuaria trabalhando nas piscinas. Formada em Educação Física, foi a primeira diretora da Escola de Educação Física do Brasil, sediada no Rio de Janeiro. Mesmo com a experiência e reconhecimento, Lenk não deixou de enfrentar problemas. Apesar da comunidade alemã aceitar bem uma mulher praticando esporte e mais ainda utilizando um maiô, em certos locais houve resistência. Foi dar aulas de natação em Amparo, no interior paulista e chegou a ser excomungada pelo bispo local, que entendia que natação não era função para uma mulher, que acabava se exibindo nos trajes de banho.

Em 1988 foi a primeira mulher Sul-americana a entrar para o Hall da Fama da Natação, em Miami. Outra homenagem que receberia por sua contribuição ao esporte viria em 2000, quando recebeu a Ordem Olímpica, honraria concedida pelo Comitê Olímpico Internacional aos maiores atletas de todos os tempos.

Competiu em diversas categorias de Masters e bateu diversos recordes mundiais, entre eles três na categoria de 90 a 94 anos e três na de 85 a 89 anos. Nadou 11 mundiais no Master e conquistou 54 medalhas sendo 37 de ouro. A homenagem do Brasil a sua maior nadadora veio em 2007 quando foi inaugurado o Complexo Aquático Maria Lenk, que sediou as competições de natação no Pan-americano do Rio de Janeiro. Faleceu no mesmo ano e nadando na piscina do Flamento quando sofreu uma parada cardíaca.

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