PUBLICIDADE

Como era São Paulo sem o Minhocão

Avenida São João, repleta de cinemas e teatros, conheceu a degradação com o elevado

Por Rose Saconi
Atualização:
 Foto: Estadão

Nos anos 1930 e 1940 a São João, no centro, era a 'Quinta Avenida' do paulistano e um dos redutos da boemia da cidade. Além de grande número de cinemas, o local contava com boas casas residenciais e lojas comerciais requintadas. No dia

1 de abril de 1958

, o

Estado

trazia o anúncio de lançamento do edifício Lucerna,“Moderníssimos apartamentos em plena Cinelândia”, era o apelo da propaganda para a então valorizada região central da cidade de agitada vida cultural que viria a perder o glamour com a construção do Minhocão.

O Estado de S. Paulo - 9/2/1943 e 1/5/1942

 Foto: Estadão

PUBLICIDADE

Os melhores cinemas da cidade ficavam na Avenida São João e Ipiranga, no centro

Publicidade

Alguns dos bairros ao redor do Minhocão, como Santa Cecília e Higienópolis, foram escolhidos pelos barões do café para a construção de mansões e palacetes no início do século 20. Casarões, já com garagens, eram ocupados por pessoas de classe média alta. Nas ruas, cavalheiros de terno e mulheres bem vestidas. Mas no fim da década de 1950, com a avenida Paulista já recebendo os primeiros edifícios e conjuntos comerciais, a região começou a dar os primeiros sinais de deterioração. A construção do Minhocão acentuou a degradação da região e provocou drástica desvalorização imobiliária. Antes mesmo da inauguração, as placas de 'vende-se' lotavam as fachadas dos prédios da São João. Foi o que registrou a reportagem

"Elevado, o triste futuro da avenida"

, publicada em 1 de dezembro de 1970.

 

 Foto: Estadão

Presente.

O projeto do elevado São João teve origem na administração do prefeito 

Faria Lima

(1965/1969). Foi apresentado a ele pelo arquiteto Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirardi, que o recusou. O projeto foi retomado pelo prefeito biônico Paulo Maluf. Foi construído a toque de caixa, em apenas 11 meses. Maluf tinha pressa, seu mandato era de apenas dois anos, com era o de todos os prefeitos indicados durante a ditadura militar. Em menos de uma ano a população viu surgir uma obra monumental que passava entre os prédios e recebera o nome de Elevado

Publicidade

Costa e Silva

, em homenagem ao segundo presidente da ditadura militar. A via elevada, que prometia uma ligação rápida entre as zonas leste e oeste, foi entregue aos paulistanos no dia

25 de janeiro de 1971

- como um 'presente' do prefeito. Curiosamente, naquele dia um carro quebrado provocou congestionamento, como acontece até hoje (

ver foto abaixo

).

O Estado de S. Paulo - 24/1/1971

Publicidade

 Foto: Estadão

A cidade ganhava uma via rápida, porém, perdia uma área com várias referências históricas. “Quem diz que o Minhocão é útil?”, perguntava o Estado dois dias antes da inauguração. “Em São Paulo foi construído o maior viaduto da América Latina, que acompanha as depressões e elevações do terreno, fazendo com que nos vejamos numa verdadeira montanha russa. Mas São Paulo não é só zona oeste”, dizia o jornal. E concluía, “para a cidade, seria mais rentável o metrô" (que viria a ser inaugurado três anos depois)”.

 Foto: Estadão

 

Veja também:>> Como era São Paulo sem o Jóquei Clube

>> Como era São Paulo sem o Teatro Municipal>> Como era São Paulo sem sacos de lixo>> Como era São Paulo em o Vale do Anhangabaú>> Como era São Paulo sem asfalto>> Como era São Paulo sem cinema>> Como era São Paulo sem estádios de futebol>> Como era São Paulo sem a Estação da Luz>> Como era São Paulo sem a Marginal do Tietê>> Como era São Paulo sem shopping Center>> Como era São Paulo sem Corpo de Bombeiros>> Como era São Paulo sem o Mercado Municipal>> Como era São Paulo sem água encanada>> Como era São Paulo sem a via Anchieta>> Como era São Paulo sem a Catedral da Sé>> Como era São Paulo sem a Avenida Sumaré>> Como era São Paulo sem iluminação pública>> Como era São Paulo sem o autódromo de Interlagos>> Como era São Paulo sem o viaduto do Chá>> Como era São Paulo sem o aeroporto de Congonhas>> Como era São Paulo sem semáforos


Siga: 
twitter@estadaoacervo
 | facebook/arquivoestadao | Instagram | # Assine

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.