Fosse na pele de um agente secreto britânico, à serviço de sua majestade com licença para matar, de um monge medieval enredado em uma série de mortes misteriosas (O Nome da Rosa [1986]) , de um policial irlandês aposentado contra a máfia na corrupta Chicago comandada por Al Capone nos anos de 1930 ( Os Intocáveis [1987]). Ou vivendo o mentor de um guerreiro escocês do século 16 com poderes sobrenaturais que o tornavam quase imortal (Highlander II [1991]), um comandante de uma submarino russo que invade águas americanas durante a Guerra Fria (A Caçada ao Outubro Vermelho [1990]) ou o pai de um dos maiores heróis já criados por Steven Spielberg (Indiana Jones e a Última Cruzada [1989]), Sir. Sean Connery conseguiu imprimir uma marca única em seus personagens. Seu magnetismo tornava impossível dissociar intérprete e personagem e a mágica operada por seu carisma e talento gravavam sua atuação e imagem como uma tatuagem no imaginário dos fãs. Connery detinha a qualidade das lendas do cinema, era protagonista mesmo quando coadjuvante.
O espião criado por Ian Fleming, James Bond, foi o papel que lançou Connery ao estrelato, na produção 007 Contra o Satânico Dr. No (1962), o primeiro filme de uma das franquias de maior sucesso do cinema até hoje.
Irresistível para as mulheres e implacável contra seus inimigos, Bond personificou fantasias femininas e masculinas. Num filme de ação que conseguiu reunir elementos tão diversos quanto característicos de seu tempo, como a crença nos avanço tecnológico - o que seria de Bond sem as invenções de Q? - a Revolução Sexual e a Guerra Fria. Para coroar a produção, a interpretação e figura de Connery conferiram ao personagem as poderosas pulsões de sexo e morte descritas por Freud. A História ainda teve seu papel. O filme estreou em setembro de 1962 , no mês seguinte o mundo viveu a ameaça mais crítica de uma possível guerra nuclear, a crise dos mísseis em Cuba. Como se realidade acrescentasse sua dose extra de adrenalina à fantasia, Bond se tornou tanto o herói capaz de impedir um conflito atômico, quanto o homem nos braços de quem muitos gostariam de encontrar um fatídico desfecho diferente.
Bond alçou Connery à condição de símbolo sexual (o inverso também é verdadeiro), como mostrou um artigo do Estadão de 28 maio de 1965. O autor, Thomaz Souto Corrêa, explora no texto as qualidades que faziam de Sean Connery e Sofia Loren o ideal masculino e feminino de sensualidade na época. “Sean Connery é o homem que agrada ao público em geral. Bonitão, grandalhão, representa com autenticidade absoluta o que se espera de um homem nessas condições: agradar às mulheres. Para isso, ele é valente, durão, frio, cruel e charmoso. Ele é James Bond.”, escreveu o jornalista.
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