A figura de Dom Paulo Evaristo Arns tem lugar de destaque na história da defesa dos direitos humanos. Nos anos da ditadura militar, quando arcebispo de São Paulo, Arns muitas vezes assumiu uma posição de enfrentamento aos crimes cometidos pelo regime. Em entrevistas ao Estado, após a redemocratização, ele declarou posições pessoais, revelou informações de bastidores e contou como se deu seu rompimento com os militares.
"(…) Ao ser nomeado bispo auxiliar de São Paulo, em 1966, fui trabalhar na Zona Norte, onde fica a maioria dos presídios. Ao visitá-los, descobri a tortura(…)“
O Estado de S.Paulo - 31/4/2004
Em entrevista publicada em 31/3/2004 contou que foi a cassação de direitos políticos e a constatação da prática de tortura que o fizeram rever sua posição quanto ao regime.
"Senti a dor das mães, pais, filhos e filhas que me procuravam, chorando, implorando por qualquer informação que levasse ao familiar, para que pudessem pelo menos rezar junto aos restos mortais (...)"
"(...) Foram pedir para eu desistir do ato (missa póstuma de Vladimir Herzog). Respondi que não era iniciativa minha, mas dos jornalistas. Insistiram, afirmando que ele era suicida. Eu disse que a verdade era outra; que a pessoa encarregada de lavar o corpo, de acordo com o ritual judaico, constatou sinais de tortura (…)"?
No mesmo ano, falou ao jornal em 29 de outubro e defendeu a abertura dos arquivos da ditadura. Arns foi um dos principais organizadores do livro Brasil: Nunca Mais (1985), um dos maiores registros sociais e históricos da repressão no Brasil.
Na mesma entrevista falou sobre o caso do jornalista Vladimir Herzog, morto nas dependências do DOI-Codi de São Paulo e sobre a missa póstumo que realizada na Catedral da Sé, evento catalisador, que mobilizou a sociedade civil contra os o regime
Veja mais páginas que mostram a trajetória de Dom Paulo Evaristo Arns:
Perfil
Posse na Arquidioce de São Paulo
O Estado de S.Paulo- 3/11/1970
Clique aqui para ler o primeiro sermaão de Dom Paulo como arcebispo de São Paulo Apelo em favor dos presos políticos
O Estado de S.Paulo- 30/12/1970
Dom Paulo denuncia tortura cometida por agentes do DOPS:
O Estado de S.Paulo- 11/2/1971
Eleição como cardeal
O Estado de S.Paulo - 3/02/1973
Defesa dos presos políticos
O Estado de S.Paulo -22/10/1975
"Não matarás", lembra Dom Paulo na missa do jornalista Vladimir Herzog, morto no DOI-Codi
O Estado de S.Paulo- 27/5/2000
Defesa do fim do celibato para padres diocesanos
O Estado de S.Paulo - 01/5/2002
A paixão pelo Timão
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