E no meio do caminho tinha um monumento

Homenagem a Ramos de Azevedo foi retirada do local original pois atrapalhava o trânsito

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Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:
 

O monumento no dia na inauguração e no local original, e hoje na USP. Icaro de Lima Verde/Estadão

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No capítulo do crescimento desordenado da cidade de São Paulo existem histórias que são inimagináveis nos dias de hoje. Que tal aquela que transportou um monumento de 22 toneladas com 25 metros de altura, feito de concreto armado e bronze que homenageia o principal arquiteto da cidade somente porque atrapalhava o trânsito? Foi isso que aconteceu com o Monumento a Ramos de Azevedo.

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Inaugurado em 1934, o monumento ficava na Avenida Tiradentes, em frente ao Liceu de Artes e Oficios, onde hoje é a Pinacoteca. Um dos prédios projetados pelo arquiteto. O monumento também estava próximo a outros prédios construídos pelo escritório de Ramos de Azevedo, como o Quartel da Polícia (conhecido hoje como Quartel da Rota), o Edifício da Politécnica (hoje Edifício Ramos de Azevedo). Mas com a criação do eixo norte-sul ele acabou ficando no meio do trajeto atrapalhando a ligação da Avenida Tiradentes com o Vale do Anhangabaú.

O monumento a Ramos de Azevedo não foi o único que atrapalhou o trânsito da cidade. Já contamos a história do monumento a 'José Bonifácio, o Moço' desalojado do Largo São Francisco para ampliação das pistas no local. Do monumento sobrou a estátua do homenageado, hoje exposta na entrada da Faculdade de Direito. A ideia de tirar a homenagem a Ramos de Azevedo começou no começo da década de 1960. Mas só foi executada em 1967.

 

O Estado de S. Paulo - 26/11/1967

 

Quando foi desmontado começou a discussão onde seria instalado. Foi cogitado no Jardim da Luz, no final da Avenida Tiradentes, na altura da Rua Sólon, na praça onde fica o Edifício Ramos de Azevedo e na entrada da Cidade Universitária. Enquanto o local não era decidido, o monumento ficou desmontado no Jardim da Luz. Em 1972 decidiu-se pela Cidade Universitária. Em 1975, oito anos depois de desmontada, o monumento foi inaugurado.

 

O Estado de S. Paulo - 3/2/1961

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No final das contas, a memória de Ramos de Azevedo teve mais sorte do que a de José Bonifácio, o Moço. Pelo menos foi inteiramente reerguido, apesar de estar exposta em um local de pouca visibilidade e quilometros do contexto arquitetônico a qual orignalmente pertence.

Tags: Ramos de Azevedo,  Patrimônio Histórico

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