Do envio de tropas americanas ao Irã ocupado durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, ao ataque americano que matou o general da Guarda Revolucionária do Irã, Qassim Suleimani. Acompanhe mais de 70 anos de relações conturbadas entre Irã e Estados Unidos através das páginas do Estadão.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL1941 Sob pressão das forças militares anglo-soviéticas, que ocuparam o Irã durante a Segunda Guerra Mundial, o xá do Irã Reza Pahlevi abdica em favor do seu filho Mohammad Reza Pahlevi
1942 Durante o esforço de guerra aliado contra os nazistas, Estados Unidos enviam tropas ao Irã para coordenar o abastecimento do fronte soviético, com armas, petróleo e mantimentos através das rotas do Corredor.
1943 O primeiro acordo entre as superpotências da Segunda Guerra Mundial é firmado na Conferência de Teerã, em novembro de 1943. Durante o encontro, que reuniu o presidente americano Franklin Delano Roosevelt, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o líder soviético, Josef Stalin, foi definida a estratégia de enfrentamento contra os nazistas na França e a divisão de territórios do Leste Europeu. Durante o encontro os Estados Unidos pressionaram britânicos e soviéticos ao compromisso de retirar suas tropas de território iraniano após o final da guerra.
GUERRA FRIA 1953
A CIA e o serviço secreto britânico orquestram um golpe para depor o primeiro ministro iraniano, Mohammed Mossadegh, e implementar uma monarquia parlamentar centrada na figura do xá Reza Pahlevi, pró-Ocidente e alinhado com os interesses anglo-americanos. Em 1951, Mossadegh, com o apoio do parlamento iraniano, nacionalizou a indústria de petróleo no país.
1979
Revolução Islâmica. Manifestações tomam as ruas do Irã e derrubam a monarquia do xá Reza Pahlevi. O xá é forçado a deixa o país em 16 de janeiro de 1979. O popular líder religioso islâmico aiatolá Khomeini retorna do exílio na França. Sua força aglutinadora faz ele despontar como principal liderança do movimento.
Em fevereiro, durante a 2ª onda da Revolução Islâmica, os Estados Unidos retiram seus cidadãos do país. Em abril de 1979 é proclama a República Islâmica do Irã.
Novembro de 1979
A embaixada americana em Teerã é ocupada por manifestantes em novembro de 1979. Sob poder de estudantes iranianos, americanos são mantidos reféns por 444 dias dentro do prédio.
1980 Em 07 de abril de 1980, o presidente americano, Jimmy Carter, rompe relações diplomáticas com Irã e impõem novas sanções contra o país, após o aiatolá Ruhollah Khomeini decidir pela permanência dos reféns americanos na embaixada até decisão do novo Parlamento iraniano. No mesmo mês, é frustrada a ação militar americana, ordenada pelo presidente Jimmy Carter, para libertar os 52 reféns cativos na embaixada. O fracasso da operação danifica o prestígio internacional dos EUA.
Setembro de 1980Guerra Irã-Iraque. Tropas iraquianas invadem o sul do território iraniano, dando início à guerra Irã- Iraque, em 22 de setembro de 1980. O conflito durou oito anos, custou centenas de bilhões de dólares, que durou oito anos, e foi o mais sangrento desde a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas morreram devido à guerra. Oss Estados Unidos forneceram, durante as administrações Reagan e Bush, auxílio militar e financeiro ao Iraque.
1981
Um dia antes da posse do presidente Ronald Reagan, Estados Unidos e Irã assinam o Acordo de Argel, que coloca fim à crise dos reféns americanos no Irã. No dia seguinte, os 52 reféns mantidos na embaixada dos Estados Unidos em Teerã são libertados.
1985- 1986
Escândalo Irã-Contra. Vem à público o esquema de contrabando de armas para o Irã, conduzido por membros da CIA, em troca da promessa de que fosse facilitada a libertação de reféns americanos do grupo terrorista Hezbollah no Líbano. Os fundos revertidos com a venda ilegal, no mesmo esquema, ajudou a financiar os Contra, grupo rebelde que lutavam contra o governo sandinista de Somoza na Nicarágua. O escândalo abalou a administração Reagan.
1988 Um avião de iraniano com 290 pessoas a bordo é abatido pelo navio de guerra americano USS Vincennes, após ser confundido com um avião de caça. O incidente não deixou sobreviestes. A maioria dos passageiros eram peregrinos muçulmanos a caminho de Meca. O aiatolá Khomeine propõe "guerra total", contra os Estados Unidos.
2002Eixo do mal. Em 29 de janeiro de 2002, durante seu discurso no Estado da União, o presidente americano, George W. Bush, denuncia Irã, Iraque e Coreia do Norte como países pertencentes ao que chamou de “Eixo do Mal”- nações inimigas dos Estados Unidos que apoiam grupos terroristas, possuem armas de destruição em massa e estariam desenvolvendo armas nucleares. O discurso aconteceu no contexto da Guerra ao Terror, campanha militar desencadeada pelo governo Bush em represália os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
O governo Bush acusa o Irã de manter um programa clandestino de armas nucleares. Teerã nega. A primeira década dos anos 2000 é marcada pela atividade diplomática para solucionar a crise. Com intermediação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU) e visitas de inspetores do órgão de vigilância nuclear da ONU ao país.
Novas sanções são impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra o governo do ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, agravando a crise econômica no Irã.
2009Revolução Verde. Centenas de manifestantes saem às ruas de Teerã e outras grandes cidades do Irã para alegando fraude no resultado das eleições presidenciais que apontavam a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad. O candidato opositor, Hossein Mousavi, pede a anulação do resultado das eleições.
Os protestos crescem e apoiadores de Ahmadinejad também saem às ruas. Representantes dos Estados Unidos e da ONU criticam, a repressão contra as manifestações no país.
2013 Em setembro de 2013, o presidente americano, Barack Obama, fala por telefone com o novo presidente iraniano, o moderado, Hassan Rouhani. A conversa, a primeira entre líderes dos dois países após 30 anos, inicia um movimento de retomar das negociações para um pacto nuclear com o Irã.
2015 O Irã assume um acordo de longo prazo, com Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, China e Rússia e Alemanha, concordando em limitar as atividades do seu programa nuclear e permitir a visita de de inspetores internacionais em troca do levantamento de algumas das sanções econômicas.
2018 O presidente dos EUA, Donald Trump, abandona o acordo nuclear em maio de 2018, indica que irá restabelecer as sanções econômicas contra o Irã e ameaça fazer o mesmo com países e empresas que compradoras de petróleo iraniano. A economia do Irã recrudesce e o país entra em recessão.
2019 Seis navios petroleiros são atacados no Golfo de Omã, entre os meses de maio e abril de 2019. Os Estados Unidos apontam o Irã como responsável e anunciam o envio de tropas para Oriente Médio.
Em 20 de junho, o Irã abate um drone militar americano sobre o Estreito de Ormuz. Os Estados Unidos afirmam que ele estava em águas internacionais, enquanto o Irã declara que a aeronave estava no espaço aéreo do país. O Irã retrocede em compromissos assumidos com o acordo nuclear.
2020
Um ataque americano, em 03 de janeiro, mata o general iraniano Qassim Suleimani, comandante da Guarda Revolucionária do Irã e principal estrategista militar do país.
O Irã promete se retira do acordo nuclear e promete retaliação. Quatro dias depois, o Irã ataca duas bases militares americanas no Iraque.
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