Gilles Lapouge revê seu primeiro texto no Estadão

Jornalista francês que escreve para o jornal desde 1951 visitou o Acervo

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Por Redação
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Mais antigo colaborador de O Estado de S. Paulo, o francês Gilles Lapouge visitou nesta semana o Acervo Estadão, onde pôde ver a edição original com o seu primeiro texto assinado no jornal: A vocação industrial de São Paulo.

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Publicado em 25 de janeiro de 1954, o texto fazia parte do caderno especial sobre o 4º centenário da cidade. A colaboração de Lapouge, no entanto, começara exatos três anos antes, com “A situação econômica na França”, texto que saiu sem assinatura na edição de 25 de janeiro de 1951. Nessas seis décadas, Lapouge publicou mais de 10 mil textos no jornal.

Recomendado ao jornalista Julio de Mesquita Filho pelo intelectual francês Fernand Braudel, Lapouge relembrou em entrevista a Laura Greenhalgh, em 2009, a sua chegada ao Brasil:

Por falar em Braudel, ele foi encarregado de promover o seu encontro com o Brasil nos anos 50, não foi?

Sim, já se ouvia falar dele por aqui.Era um historiador conhecido.Em 1935, partira para o Brasil com um grupo de franceses para fundar a Universidade de São Paulo.Eu o reencontrei em 1948, quando retornou à França.Naquela época, Julio de Mesquita Filho, diretor do Estado, havia lhe dito: “Encontre um jovem jornalista francês para vir trabalhar no meu jornal.” Soube então que Braudel procurava essa pessoa por intermédio do serviço cultural do Quai d’Orsay.Eu me apresentei, pedi a ajuda de um amigo para montar alguns textos e levá-los a Braudel, afinal, eu não era jornalista, e acabei sendo escolhido.O Brasil tem uma importância capital na minha obra, até porque 3/4 da minha vida estão ligados ao País.Graças ao Brasil eu me interessei pelo mundo e comecei a viajar.Não fosse por isso eu seria um francês normal, sem graça, de uma família francesa desde sempre.

Quando você chegou?

Em 1950, ainda na presidência Dutra.Não tinha ideia do que era o Brasil.A França saía da guerra, portanto, eu estava impregnado de um país cinza, sombrio.Ainda sentíamos os efeitos da administração Pétain, da perseguição aos judeus, etc.Deixei tudo isso para trás, porque no Brasil as cores mudaram.Foi uma revelação extraordinária do ponto de vista da beleza, da sensualidade, da capacidade de estar aberto ao outro, enfim, da joie de vivre.Com a vantagem de que não cheguei na condição de turista, mas para trabalhar.

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