Caminhoneiros já pararam por frete, diesel e pedágio

Relembre os motivos de outras paralisações e como afetaram a economia e a população

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Por Liz Batista
Atualização:
Greve de caminhoneiros fecha trecho da BR-116, Rodovia Régis Bittencourt, 08/01/1986. Foto:Arnaldo Fiaschi / Estadão​ Foto: Arnaldo Fiaschi / Estadão

Sem combustível, São Paulo amanheceu ontem praticamente parada em frente aos postos de gasolina. Filas de automóveis que davam a volta em quarteirões fecharam o trânsito e esvaziaram os reservatórios dos postos da cidade em poucas horas. Mas os problemas aconteciam apenas em áreas onde havia posto com gasolina, por toda a cidade, o pouco trânsito pelas avenidas habitualmente congestionadas nas horas de rush corria rápido. O paulistano respondeu à greve dos caminhoneiros enchendo o tanque, com o que restava de gasolina nos postos (...)”, o texto que poderia descrever os impactos da greve dos caminhoneiros , parados desde segunda-feira (21) , foi publicado no Estado de 14 de dezembro de 1979. A situação hoje vivida no País se assemelha às geradas por paralisações conduzidas pela categoria nas últimos 40 anos, com altos prejuízos para economia nacional. 

O Estado de S.Paulo - 14/12/1979 Foto: Acervo/Estadão

Desde a década de 1970, greves de caminhoneiros insatisfeitos já bloquearam estradas por diversos motivos. Aumento do preço do frete, redução do preço do diesel e do pedágio, falta de segurança, má conservação das estradas e criação de sindicato foram algumas das pautas defendidas pelos  e movimentos. 

O Estado de S. Paulo - 04/8/1979 Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 08/10/1986 Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 27/7/1999 Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 03/5/2000 Foto: Acervo/Estadão
O Estado de S.Paulo - 31/7/2012 Foto: Acervo/Estadão

Nos últimos 5 anos. O governo de Dilma Rousseff mal contava um mês do início das manifestações populares que convulsionaram o País em 2013 quando os caminhoneiros iniciaram uma das maiores paralisações dos últimos anos, em 01 de julho daquele ano. A pauta de reivindicações da categoria ia da redução dos preços dos pedágios e do óleo diesel ; melhorias nas condições das estradas; mais segurança para o trabalho nas rodovias à noite; até mudanças na lei que regulamenta a profissão.

O Estado de S.Paulo- 02/7/2013 Foto: Acervo/Estadão

Os protestos, promovidos pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) começaram numa segunda-feira e duraram cinco dias. Os caminhoneiros fecharam 22 rodovias em 9 Estados brasileiros e bloquearam trechos de estradas fundamentais para o tráfego de mercadorias e passageiros, como a Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, a BR-374, Rodovia Presidente Castelo Branco, que liga a capital ao interior de São Paulo e a Rodovia Anchieta que dá acesso ao Porto de Santos. Os protestos seguiram mesmo diante da decisão judicial que proibia a paralisação de rodovias federais e a possibilidade de multas para os infratores. Após três dias de greve, indústrias estimavam seus prejuízos e optavam por paralisar setores de suas atividades. Com a crescente ameaça de desabastecimento, principalmente de combustível, se tornando real em alguns municípios, o governo federal deu ordem para que manifestantes que interditassem as rodovias fossem presos e a Polícia Federal abriu inquérito para apurar suspeita de locaute. No dia seguinte os caminhoneiros suspenderam os atos e o transporte nas estradas foi retomado. 

O Estado de S.Paulo - 25/02/2015 Foto: Acervo/Estadão

Em editorial publicado no 3º dia de greve o Estado fazia um balanço da paralisação. Lembrava que o reajuste  do combustível havia sido abaixo da média do preço do petróleo no mercado internacional, falava sobre a pressão para se obter um subsídio para baratear o combustível. Reconhecia que “os bloqueios das estradas chamam a atenção para a insuficiência e a péssima manutenção da malha rodoviária brasileira, que oneram a atividade dos caminhoneiros” e pedia pela desobstrução das estradas e pela garantia do “direito de ir e vir dos usuários e a normalidade do abastecimento.

O Estado de S.Paulo - 03/3/2015 Foto: Acervo/Estadão

Em fevereiro de 2015 uma nova greve de caminhoneiros paralisou as estradas do País, trazendo prejuízos estimados em mais de R$1 bilhão só para o setor agrícola. Nem a promessa do governo de não fazer reajuste no combustível por seis meses desmobilizou a categoria. A greve só chegou ao final após a sanção da Lei dos Caminhoneiros, em 02 de março de 2015, que assegurou vantagens, como isenção de pagamento de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, perdão das multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois anos, ampliação de pontos de para parada de descanso e repouso.

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