Um ator luta para mostrar seu valor após recusar viver novamente o papel do super-herói numa franquia de sucesso do cinema. A história que rendeu o Oscar 2015 de melhor filme a 'Birdman' e indicação de melhor ator a Michael Keaton, todos sabem, é quase uma transposição da carreira de Keaton. Há 20 anos, numa entrevista durante o lançamento da comédia Speechless, Michael Keaton falava de sua decisão de não ser mais o Batman, depois de dois filmes de sucesso.

O Estado de S. Paulo - 23/5/1995

"Esses boatos são todos ridículos, saí do esquema porque não me deram a oportunidade de enriquecer o personagem Batman, conforme haviam me prometido e, no segundo episódio, a história do Pingüim já estava ficando mais interessante que a dele."

O ator achava que era preciso recriar o Batman, dar a ele mais ação, vida nova. "Os roteiristas discordaram e eu não queria continuar prisioneiro de um herói que existe apenas em função de uma fantasia preta, máscara e efeitos especiais", diz ele nesta entrevista ao Caderno 2. "Foi uma decisão muito dura, mas eu sabia que devia ouvir meu coração, e que voltara ao caminho certo, porque a decisão me fez feliz."

A paternidade, outra questão no filme do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, também estava na entrevista publicada no Caderno 2 há 20 anos. Questionado pela repórter Sonia Nolasco - "Que outro fator transformou Michael Keaton, o ser humano?" - Keaton respondeu: "A paternidade. ... Ser pai me tirou desse egoísmo autocentrado de ator. Foi saudável. Acho que sou um bom pai, gosto mesmo de ser pai, e queria repetir a dose mais algumas vezes. Joguei tudo que eu tinha nossa paternidade, porque era o que eu mais queria na vida. mas não sei (quanto tempo ainda terei disponível para outros filhos. Agora, quero realizações artísticas."

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