Historiografia nacional perde Nicolau Sevcenko
Acadêmico estudou a cultura, a vida privada, a urbanização e outros aspectos da história do Brasil
14 de agosto de 2014 | 17h 22
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Morreu na última quarta-feira (13), em São Paulo, o historiador Nicolau Sevcenko, aos 61 anos de idade. Dedicado ao estudo da história cultural e do desenvolvimento social, Sevcenko despontou no meio intelectual como uma promessa acadêmica inovadora. Em 1983, com sua tese de mestrado transformada no livro Literatura com Missão, venceu o prêmio Moinho Santista Juventude daquele ano. A obra, que analisa o cenário e as tensões sócio-culturais no período da Primeira República através da literatura de Euclydes da Cunha e de Lima Barreto, tornou-se uma referência da historiografia nacional. Foi um dos primeiros estudos históricos do País a utilizar a literatura como fonte.
Filhos de operários de origem ucraniana, nasceu no litoral paulista na cidade de São Vicente, em 1952. Em 1975, se formou pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), universidade na qual lecionou de 1985 até 2012 quando se aposentou. Também pela USP, em 1992, obteve a titulação de livre-docente. Era um dos catedráticos com os cursos mais concorridos da universidade. Sevcenko também lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), na PUC de São Paulo e em Harvard, nos Estados Unidos, onde era professor titular desde 2010.
O historiador, que traduziu e editou dezenas de livros, tem entre suas obras mais conhecidas A Corrida Para o Século XXI ( 2001), Orfeu Extático na Metrópole (1992) e A Revolta da Vacina (1984), onde ele busca entender através das relações privadas a revolta social que se ergueu no Rio de Janeiro, durante a campanha de vacinação contra a varíola em 1904. O comportamento privado manifestado nas relações sociais e políticas com o Estado foi uma temática muito estudada por Sevcenko.