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Lágrimas de Misha salvam Olimpíada de Moscou

Suspenso por balões, boneco de oito metros partiu do estádio e ficou no céu por três horas

Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:
 

A Olimpíada de Moscou, em 1980, foi realizada em meio a muita tensão. Mas até hoje é lembrada pelo toque humano de um boneco. Por causa da invasão soviética no Afeganistão, em dezembro de 1979, Jimmy Carter, presidente dos EUA, liderou um boicote aos Jogos caso os soviéticos não recuassem. Não foi atendido. Mais de 40 países seguiram o exemplo americano. Muitos com tradição olímpica, como Canadá, Japão, Alemanha Ocidental.

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Em face de um fiasco, a União Soviética botou no ar seus aviões da Aeroflot e foi buscar delegações de países pobres sem condições de viajar, como Moçambique e Angola. Mas o estrago já estava feito. Dos Jogos de Moscou participaram 80 países, o menor número desde 1956. Mesmo os que participaram não deixaram de protestar. Inglaterra França e Holanda foram alguns dos países que naõ portaram a bandeira nacional na abertura, mas a dos comitês olímpicos nacionais. O recado era claro: estavam ali somente pelo esporte. Outros nem chegaram a desfilar.

Em cerimônias de entrega de medalha não foi executado o hino de alguns países a pedido dos governos. Para aumentar a tensão, os soviéticos foram acusados de comprar juízes. Sem as grandes potências, a União Soviética reinou. Levou 80 medalhas de ouro, seguido pela Alemanha Oriental, 46, e Itália, 8.

Apesar do panorama desagradável para a história dos esportes, o que ficou na memória foram as lágrimas derramadas por Misha e do boneco suspenso por balões que partiu dos estádio na festa de encerramento. Misha, de oito metros, ficou no céu de Moscou por três horas e pousou perto da Universidade de Moscou, informou o Estado.

O Estado de S. Paulo, 6 de agosto de 1980

 
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