Um dos nomes expoentes da segunda fase do movimento do Cinema Novo, formado na esteira do Golpe Militar de 1964, Arnaldo Jabor constituiu uma filmografia ambientada nesse contexto de repressão, desencanto e censura. Afastando-se da “estética da fome”, que definiu a primeira fase do movimento, mas mantendo-se fiel à inspiração das produções do Neorrealismo italiano e da Nouvelle Vague francesa, o cineasta desenvolveu um cinema autoral onde retrata o universo da classe média brasileira com fina ironia, traços presentes nas suas obras mais conhecidas como Toda Nudez Será Castigada (1973), Eu Te Amo (1981), Tudo Bem (1978) e Eu Sei que Vou Te Amar (1986).> Estadão - 04/7/1973
> Estadão - 04/3/1979
A primeira menção ao nome de Jabor no Estadão aparece na edição de 02 de abril de 1964. O texto, publicado um dia após o golpe que instaurou a ditadura no País, fala de um projeto do cineasta que buscava adaptar para o conto O Cão Sem Plumas de João Cabral de Melo Neto para a tela. À partir daí seu nome aparece frequentemente no jornal, seja em matérias e críticas que sobre suas produções no cinema, na literatura, nas colunas ou nas crônicas que assinava no Estadão.
> Estadão - 17/4/1986
Em 2002, em uma entrevista ao jornalista Luiz Carlos Merten, Jabor foi convidado à refletir sobre seu legado. Nela contou como buscou, deliberadamente, desagradar o público quando filmou O Casamento (1976); “queria agredir as pessoas e sacudi-las do seu torpor”; e explicou porque centrou sua obra ma classe média; “porque é o universo que conheço; nele tenho minhas origens familiares”. Jabor também não poupou críticas às suas primeiras produções, classificou seu filme Pindorama (1971) como “um dos piores já feitos” e classificou o Cinema Novo como “masturbatório”. > Estadão - 08/4/2002
Ao falar sobre seu documentário Opinião Pública (1967)- obra nos moldes do “cinema verdade” vencedora do Prêmio da Crítica no Festival de Cinema de Pesaro, na Itália - reconheceu nele uma fórmula precursora. Como descreve Merten no texto: “Jabor acha que foi o verdadeiro criador dos reality shows (…) ele sabe que fez um estudo de comportamentos que colocou na tela a estupidez da classe média. Desde então, trocando o documentário pela ficção, foi sempre crítico severo da sociedade brasileira, escancarando as misérias e os problemas da classe média e da burguesia nacionais (...)”> Estadão - 19/9/2010
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