Na última vez em que esteve pessoalmente no Acervo Estadão, no ano passado, Luiz Maklouf Carvalho [1953-2020] procurava uma informação para finalizar seu livro 'O Cadete e o Capitão'. Era um detalhe sobre o horário do encerramento do julgamento de Jair Bolsonaro no Superior Tribunal Militar em 1988. Obcecado pela precisão, Maklouf sorriu quando encontrou a informação que procurava na pasta temática. Algumas informações do livro foram antecipadas por Maklouf no Estadão na reportagem 'Cadete bom atleta, médio em economia.'
Antes, já estivera no Acervo para pesquisas para seu livro '1988: Segredos da Constituinte', quando saiu maravilhado com o vasto material fotográfico, e em outras passadas apenas para assuntar. Nessas passagens, contava bastidores das reportagens e das tensas relações com fontes e até mesmo com colegas e chefes.
Quando se mudou para um novo apartamento na região da Vila Mariana, em São Paulo, nos contactou para saber se tínhamos interesse em receber o material de pesquisa de alguns livros e outros itens dos quais estava se desfazendo por falta de espaço. No apartamento aprazível num condomínio antigo de ares bucólicos com jeito de vila, Maklouf doou, entre outras coisas, três caixas com vários exemplares de seu grande livro 'Cobras Criadas' que a editora o repassara. Vários estudantes de jornalismo que visitaram o Acervo vibraram quando recebiam o livro de presente, com a informação de que viera das mãos do próprio autor.
Mesmo com o pulmão doente, seu radar esteva sempre ligado para novos personagens e histórias da vida brasileira. Com a ascensão do bolsonarismo, dedicou-se a mostrar quem eram as pessoas que começariam a dar as cartas no novo jogo do poder.
Na abertura do livro sobre Bolsonaro, após a dedicatória à mulher Elza, Maklouf revela, com uma citação na página seguinte, o que o movia: "Para que uma coisa seja interessante, basta olhá-la durante muito tempo" [Gustave Flaubert]
> Veja as reportagens de Maklouf no Estadão.
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