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Lula foi liberado da prisão para enterro da mãe em 1980

Preso por liderar greve, sindicalista deixou o Dops com a condição de não falar com a imprensa

Foto do author Edmundo Leite
Por Edmundo Leite e Liz Batista
Atualização:
Liberado do cárcere parasepultar a mãe,Lula foi recebido por multidão no cemitério.Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão

Com a morte do irmão Vavá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vive pela segunda vez a experiência de estar preso no momento da morte de um familiar de primeiro grau. Em 1980, quando foi preso pelo Dops - órgão de repressão da ditadura militar, que naquele momento estava em seus anos de abertura - Lula foi liberado pelo delegado Romeu Tuma para ir ao velório e ao enterro de sua mãe, Dona Lindu. 

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Eurídice Ferreira de Melo morreu às 11h30 do dia 12 de maio, quando Lula estava no 24º dos 32 dias de prisão. Pouco depois, Lula foi liberado a comparecer ao velório da capela do Hospital da Benificencia Portuguesa em São Caetano do Sul com a condição de não falar com a imprensa e retornar à noite.

Acompanhado pela mulher Marisa e de dois policiais à paisana, Lula desceu do Chevette bege do Dops chorando e permaneceu por 50 minutos ao lado do corpo da mãe, saindo apenas uns minutos para tomar um remédio.  Com uma forte dor no dente do siso, Lula optaria por arrancar o dente dolorido naquele mesmo dia antes de voltar à carceragem no centro de São Paulo.

Lula foi liberado da prisão para ovelório da mãecom a condição de não falar com a imprensa. Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão

No dia seguinte, 13 de maio, Lula voltou às 9h45 ao velório para a missa de corpo presente da mãe. Acompanhado sempre por dois policiais, é cercado por familiares, amigos e políticos. 

Dom Claudio Hummes inicia a missa e dá um tom político à celebração. "Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino do céu", diz o bispo. 

Duas mil pessoas acompanharam oenterro da mãe de Lulae pediram a liberdade do sindicalista preso.Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão Foto: Clóvis Granchi Sobrinho/Estadão

Lula segue o cortejo ao cemitério da Vila Paulicéia no Chevette do Dops. Na chegada ao cemitério, um cordão de operários de uma fábrica próxima abre passagem ao sindicalista e bate palmas. Duas mil pessoas acompanham o enterro e pedem a liberdade de Lula. o cantor Agnaldo Timóteo protesta chorando: "Porque vocês não prendem os corruptos, os assassinos, ao invés de prender trabalhador decente?"

Após o enterro, Lula volta à carceragem do Dops, onde ficaria preso mais uma semana até ser solto em 20 de maio de 1980.

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