Nos retratos, a 'indelével lembrança' de um tempo
Nos classificados do Estado, as mais variadas técnicas da fotografia no século 19
21 de setembro de 2012 | 21h 06
Nos dias de hoje, tempos onde fotos podem ser feitas e divulgadas em questão de segundos, compreender um retrato no século 19 e no início do 20 é viajar no tempo e é também um exercício de imaginação ver revelados os significados particulares do ato de retratar e de ser retratado naquele tempo, como mostra o livro "Álbum de Retratos - Photographias Brazileiras", de João Emilio Gerodetti, e Luciana Garbin.
No Brasil, a disseminação da revolucionária técnica da fotografia coincide com o final do reinado de D. Pedro II, um de seus grandes entusiastas, e com o nascimento da República. No momento em que o novo governo costurava à identidade nacional seu projeto republicano, a fotografia popularizava-se como um produto de consumo. O retrato passou a ser um hábito e uma solenidade entre os cidadãos e famílias da nova república.
Os classificados do Estado, deste período, estão repletos de anúncios de Photografos e Estudos Photographicos buscando conquistar clientes fosse pela promessa de belos resultados, pelo bolso, ou pela tradição.
Anúncios de fotografias feitas através do processo Lambertypie; Chromo-Photographia, Retratos ao luar, Retratos de dianças, Retratos alabastrados; Photographia Americana, Alleman, Campineira - esta última tradicionalíssima, pois referia-se ao processo pioneiro empregado por Hércules Florence, em 1833 na cidade paulista de Campinas, e por ele batizado de photographie.
Nesse disputado mercado da imortalização da imagem, um anúncio explicava o valor do serviço e do produto oferecido, o retrato: “indelével lembrança que deixa-se à família ou a amigos, na dura ausência de viagens eternas ou passageiras.”
Por cerca de 5 mil réis, estava à venda a possibilidade de realizar-se o sonho de vencer o esquecimento trazido pelo tempo.