Os 'futuros' da mulher
Do 'Bello Sexo' à mulher de hoje, a cada etapa da condição da mulher um novo papel era reservado a ela
07 de março de 2013 | 12h 29
A mulher sempre teve um lugar no futuro. Ou vários. Do eufemismo "Bello Sexo" da propaganda do começo do século 20, à mulher de hoje, em cada etapa da condição feminina um novo papel era reservado a ela. A mulher, garantia do futuro da humanidade - assim anunciava em 1926 remédio Tannol, indicado para "moléstias uterinas" - continua a luta para que a igualdade de direitos e oportunidades entre os sexos se torne cada vez mais real.
O Estadão registrou, em dois séculos, vários futuros reservados a ela, conheça alguns.
No final do século 19, a luta por mais espaço era visto como um fato dado, mas viria acompanhado pelo caos. Era o que dizia o texto publicado no Estadão em 1897 por Isidoro C. Gomes, "cortados os tentáculos da ignorância, a mulher pretendeu logo medir as forças do seu espirito, e começou a disputar com o homem um quinhão de gloria no campo da arte, da literatura, da sciencia e da politica".
"Parece-nos inconstestável - prossegue Gomes - que ella terá como resultado (...) um desequilíbrio nas funções sociais de cada um dos sexos creando uma anarchia, um cáos em que as actividades masculinas e femininas se acharão inextricavelmente confundidas".
O publicista italiano, Guido Podrecca, fez uma série de palestras em 1914. Realizadas em São Paulo, Podrecca considerava que a relação entre os sexos teria modificações por causa da nova realidade econômica, "certamente a base da sociedade continuará a ser a família, mas livremente constituída e solúvel (o divórcio já é um passo), e a mulher terá uma cultura propria e poderá exercer a sua funcção principal (...) A transformação econômica da sociedade tirará do matrimônio o factor que o faz degenerar o interesse (...)".
Um futuro de caos com a nova condição da mulher previsto no final do século 19 não se realizou. Em 1946, a relação entre os gêneros era vista como colaboração, "com um cérebro que pensa, com uma personalidade consciente, a mulher marcha hoje paralelamente ao homem. Ela não pretende ser a sua concorrente, mas sim colaboradora. (...) As moças vão se preparar nas mesmas escolas que os rapazes, onde se prepararão em condições de igualdade, para conquistar as mesmas posições e ter mais tarde as mesmas possibilidades".
Em 1956, emancipação feminina não tinha retorno, "todas as guerras terminam pela vitoria do mais forte, exceto a dos sexos: ela acaba sempre pela vitória do sexo fragil".
Ainda está no futuro da mulher um maior papel dentro da igraja católica, um mundo ainda secundário para a mulher. Ela "sempre ficou relegada a uma situação que é executar e nunca de decidir dentro da Igreja". Vamos reivindicar nossa participação nas decisões e na vida da Igreja e não apenas na sua vida litúrgica", disse ao Estado em 1973 uma representante feminina da América Latina na comissão criada pelo papa Paulo VI para estudar as limirações impostas à mulher na Igreja Católica".
Este futuro ainda está por vir: "na publicidade, as mulheres são usadas como símbolos sexuais ou como objetos de propriedade dos homens. No futuro, os anúncios precisam utilizar a imagem da mulher como ser humano, e não chamar a atenção para o seu corpo", explicou a publicitária Amelia Bassin em 1972, uma realidade que predomina até hoje.
Em 2011, o fututo depende da pergunta: quais os rumos do feminismo hoje?
Conheça algumas das lutas e conquistas da mulher do século passado e saiba como o Estadão acompanhou movimentos revolucionários desencadeados pelo feminismo:
# Mulheres de calças chocavam a sociedade em 1911
# Declarada guerra ao espartilho
# Há um século, discutia-se a invasão feminina no mercado de trabalho
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