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Primeiro curso de Sociologia do País completa 80 anos

Escola de Sociologia e Política, nascida para criar nova elite, também pretendia formar jornalistas

Por Carlos Eduardo Entini
Atualização:

A Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, que completa 80 anos, foi primeira escola a formar sociólogos e cientistas políticos no Brasil. Depois, a partir dela, surgiu a primeira faculdade de Biblioteconomia do País. Mas poderia ter sido, também, pioneira no ensino de Jornalismo.

 
 

Segundo Sergio Milliet, um dos fundadores da Escola, o ensino superior da época era “exclusivamente formal” e “produzia anualmente centenas de bacharéis inúteis e nenhum elemento de verdadeira cultura”. A importância da fundação da Escola foi a renovação do ambiente intelectual, “nosso ensino superior desumanizava o indivíduo, afastava da vida e enchia-lhe a cabeça de retórica barata”.

 

A Escola de Sociologia e Política de São Paulo adotou uma metodologia da sociologia americana, sobretudo a de Chicago, onde a pesquisa aplicada era predominante. De lá vieram diversos professores, como Donald Pierson. Enquanto isso a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras recebia a influência das ciências sociais dos franceses. Menos de dois anos de existência, o projeto teve uma mudança de rumo. Em fevereiro de 1935, a Escola criada para ser uma fundação autônoma e viver com doações de empresários e dos cursos, recebe uma nova configuração jurídica. O decreto de Armando Salles, interventor federal, transforma a faculdade em utilidade pública o que permitiria a ela receber verba pública. Também ganhou o 'status' de “instituição complementar da USP”. Em 1946, a escola deixa de ser 'Livre'. Em outro decreto federal, ela é reconhecida como curso de graduação, e o MEC toma como base seu currículo para o ensino de sociologia no País. Em 1940 surgiu a graduação do curso de Biblioteconomia, criado e ministrado desde 1936 pela Biblioteca Municipal, atual Mário de Andrade. 

 

A primeira turma começou o curso em 18 de julho de 1933 e se formou em 1937. A Escola Livre de Sociologia e Política funcionou desde sua fundação, até 1947, no edifício da Escola de Comércio Álvares Penteado, no Largo São Francisco. Só teve sede própria, a atual na Rua General Jardim, em 1954. Até a década de 1960, a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp) mantinha, além dos cursos de graduação, os de pós-graduação, o Instituto de Pesquisa Social, Insituto de Estudos Municipais, Instituto de Extensão Cultural e Cursos Supletivos e a editora Sociologia e Política, que publicava a revista “Sociologia”.

 

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Com problemas de financiamento, a Fundação viveu em crise durante três décadas, de 1970  a 2000. Ameaças de fechamento do curso e intervenção federal, atraso no pagamento dos professores e greves apagaram o charme e relevância daquele casarão por onde passaram figuras como o Florestan Fernandes, Luiza Erundina, Darcy Ribeiro e Fernando Henrique Cardoso. Hoje, para Waltercio Zanvettor, diretor da Fesp, a crise pertence ao passado. A Fundação, segundo ele, encontrou o equilíbrio financeiro realizando pesquisas e estudos para Estados, municípios e empresas privadas. Foi com o dinheiro desses convênvios que foi possível construir um novo prédio ao lado do casarão, para abrigar todos os cursos da fundação. O prédio, inaugurado em 2012, custou R$ 11 milhões.

 

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