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Top Gun: leia a crítica de 1986 sobre o filme de Tom Cruise

Campeão de bilheteria 'Top Gun: Ases Indomáveis' foi analisado no texto 'Como vencer uma guerra'

Por Acervo
Atualização:

Um dos filmes mais populares dos anos oitenta, Top Gun: Ases Indomáveis chegou aos cinemas brasileiros em setembro de 1986. Tom Cruise, então um jovem galã em ascensão, protagonistanizou o longa de ação e romance dirigido por Tony Scott. 

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Com eletrizantes cenas de voos nos caças F-14 e uma trilha sonora memorável - Take my Beath Away, da banda Berlim, faturou o Oscar de Melhor Canção Original no ano seguinte - o filme se tornou um sucesso de bilheteria.

A edição de  24/9/1986 do Estadão publicou uma resenha e crítica sobre a obra. Confira o texto 'Como vencer uma guerra' assinado por Marco Antônio Lacerda:>> Estadão - 24/9/1986

>> Estadão - 24/9/1986 Foto: Acervo/Estadão

Como vencer uma guerra

Marco Antônio Lacerda

Top Gun é uma elite de pilotos da Marinha dos Estados Unidos especialmente treinados para enfrentar situações de emerência em qualquer parte do mundo e even tualmente, ir à guerra. Só faz parte dessa elite a nata dos pilotos norte-americanos - os Ases Indomáveis, como são chamados no filme de Tony Scott. Um deles é Pat Mitchell (Tom Cruise), um garotão com vocação para o perigo e olho gordo nas glóias que o destemor pode trazer para o seu currí­culo.

Pat Mitchell é filho de outro grande piloto, um herói anônimo dos EUA desaparecido misteriosamente em combate no Vietnã, em 1965. O drama do garotão para esclarecer a verda- de sobre a morte do pai é o ingrediente que dá algum assunto ao filme de Tony Scott. De resto, Ases Indomáveis só quer fazer propaganda da faraônica indústria militar controlada pelo Pentágono.

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Enquanto não resolve seu drama íntimo, Mitchell e sua gang indomável fazem coisas incríveis a bordo de suas sofisticadas máquinas de guerra - os aviões F-14 -no valor de 1 milhão de dólares cada um. As seqüências aéeas de Ases Indomáveis são um show de cinematografia e sabe Deus como foi possí­vel filmá-las. Os pilotos dão cambalhotas aéreas, participam de ataques simulados contra adversários soviéticos em seus igualmente potentes aviões Mig, fazem piruetas vertiginosas -tudo numa correria alucinante capaz de provocar náusea em qualquer pessoa que não seja pelo menos apaixonada pela aviação.

O time de ases da pilotagem é formado por um elenco na linha all american boys - muito bonitos e sadios -encabeçado por Tom Cruise, um mçoço que, com seu sorriso, é capaz de justificar a necessidade de qual quer guerra, por mais inútil que ela seja.

Para quebrar o excesso de beligerância e a energia masculina do filme, Tony Scott escolheu uma mulher (Kelly McGillis) para fazer o papel de instrutora dos pilotos. A McGillis cabe também a difí­cil tarefa de formar um par romântico com o rebelde Tom Cruise e, assim, disfarçar as conotações homossexuais do filme, Mas não adianta. A instrutora passa o filme inteiro esperando ser possuí­da por um daqueles possantes F-14. Em vão. Quan do Tom Cruise esparrama na tela a juventude dos seus 20 e poucos anos, nada - nem quilos de maquilagem - consegue disfarçar o equívoco do diretor ao chamar uma semi-coroa para um papel que pedia uma gata. Toda vez que Tom Cruise exibe seu sorriso maroto, são os bravos pilotos da Força Aéra que tremem nas bases, não a instrutora.

Tony Scott é um bom diretor de cinema que coloca seu talento a serviço de qualquer roteiro, desde que dê lucro. Em Ases Indomáveis ele mexe com a ferida ainda aberta da guerra a do Vietnã e com os brios nacionalistas de um povo que ainda não esqueceu a vergonha de ter saído do campo de batalha com o rabo entre as pernas. O filme funciona também como uma prestação de contas a esse mesmo povo, mostrando-lhe que o dinheiro pago em impostos estão sendo investido no treinamento de homens e em máquinas de guerra capazes de, no futuro, evitar fiascos como do Vietnã.

Em suma, o recado do filme é o mesmo que temos ouvido de Rambo, Rocky e Reagan: daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Ou, melhor ainda: guerra se vence na porrada. Ao que tudo indica, o recado chegou ao seu destinatário: Ases Indomáveis foi o maior sucesso de bilheteria da última temporada de verão nos EUA, com um faturamento de 130 milhões de dólares.

>> Estadão - 11/9/1986

>> Estadão - 11/9/1986 Foto: Acervo/Estadão

>> Estadão - 25/9/1986

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Cartaz deTop Gun: Ases Indomáveis, publicado noEstadão de 25/9/1986 Foto: Acervo/Estadão

Dois anos depois, Tom Cruise estava numa página inteira do Caderno 2 quando o ator lançava o filme 'Cocktail':

>> Estadão- 28/7/1988

>> Estadão- 28/7/1988 Foto: Acervo/Estadão

 

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