Chico Mendes
Francisco Alves Mendes Filho
15/12/1944, Xapuri (AC) – 22/12/1988, Xapuri (AC)
Por meio do movimento sindical, que chegou ao Acre em 1974, difundiu suas ideias e começou a organizar as bases que fortaleceriam o movimento, participando da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). As atividades do ativista tiveram como um importante colaborador a Igreja Católica, propiciando a formação de lideranças em diversas comunidades eclesiais e integrando as famílias de seringueiros antes isoladas na floresta que começam a se articular sobre ideais comuns em relação aos direitos da terra. Com a expansão do setor agropecuário do sul do país em direção à Amazônia, a derrubada de parte da floresta para implantação da pecuária extensiva inviabiliza a atividade de milhares de famílias de seringueiros, que passam a viver na periferia de centros urbanos da região, especialmente em Rio Branco e na Bolívia.
Em decorrência, o ativista inicia uma resistência com os demais seringueiros por meio dos empates: acompanhados de mulheres e crianças, tentam impedir o desmatamento colocando-se entre as árvores e as motosserras. A construção de escolas nos seringais pela implantação do Projeto Seringueiro permite não somente a alfabetização dos extrativistas, mas também a conscientização a respeito de seus direitos. Em 1977, é eleito vereador em Xapuri pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição à ditadura militar. Após a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, naquele mesmo ano, sua atividade começa a ser reconhecida pela comunidade internacional. Alia-se ao Partido dos Trabalhadores e se torna um dos fundadores do PT no Acre, conseguindo projeção para se candidatar a deputado estadual e a prefeito, sendo derrotado nas duas ocasiões.
A luta empregada por Chico Mendes reúne importantes aliados no país, dentre eles Marina Silva, e o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado em 1985, projeta o movimento no cenário político-ambiental dos Estados Unidos e da Europa. Na ocasião, propõe a integração entre índios e seringueiros por meio da “União dos Povos da Floresta”, projeto baseado na criação de reservas extrativistas e na reforma agrária. Dois anos depois, o ativista é convidado a denunciar a devastação ambiental no Congresso norte-americano, em Washington, e recebe um prêmio da ONU por sua atuação em defesa do meio-ambiente.
No final da década de 1980, quando os conflitos pela posse da terra eram constantes e intensos, Chico Mendes passou a sofrer uma série de ameças de morte. Em dezembro de 1988, é assassinado com um tiro no peito quando estava no quintal de sua casa com a esposa e os dois filhos. Em 1990, num julgamento que gerou comoção nacional, o fazendeiro Darly Alves da Silva e o filho Darci Alves Pereira são condenados a 19 anos de prisão, mas são libertados no final de 2010, após cumprirem pouco mais da metade da sentença. Mesmo depois de mais de 20 anos da morte de Chico Mendes, os conflitos de terra envolvendo seringueiros e fazendeiros continuam ocorrendo na região da Amazônia.