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Deodoro da Fonseca

Presidente do Brasil

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Por Redação
Atualização:

Manuel Deodoro da Fonseca

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5/8/1827, Alagoas (AL) - 23/8/1892, Rio de Janeiro (RJ)

Primeiro presidente da República do Brasil, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca nasceu no dia 5 de agosto de 1827, na cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro), na época a capital da província de mesmo nome.

A família de Deodoro era humilde, e seu pai, Manuel Mendes da Fonseca, era militar de baixa patente e comprometido com o governo do imperador, D. Pedro I, mesmo após sua abdicação. Em 1843, com 16 anos, Deodoro se matriculou no primeiro ano da Escola Militar e terminou o curso de artilharia quatro anos depois. Com apenas 21 anos, o futuro marechal participou da repressão à revolução praieira em Recife, mas a origem de sua rápida ascensão militar foi a Guerra do Paraguai, cuja campanha o marechal fez "de fio a pavio", como chegou a dizer. Foi promovido, em 1874, a general-brigadeiro, e em 1884 se tornou marechal-de-campo. Entre 1884 e 1885, depois de ter servido como Comandante das Armas das Províncias de Pernambuco, Mato Grosso e outras, Deodoro se tornou vice-presidente da província do Rio Grande do Sul. Em 1886, volta para o Rio de Janeiro, e preside o clube militar por dois anos. No dia 6 de julho de 1887, o militar declarava ao Estadão, na época chamado “A Província de São Paulo”, que era favorável à abolição da escravidão e à separação entre Igreja e Estado.

O Império brasileiro, sob o reinado de D. Pedro II, passava por momentos de crise na década de 1880. O abolicionismo, progressivamente influente a partir do final da década de 1870, pressionava o governo e criticava as atitudes do gabinete conservador e escravista do Barão de Cotegipe. O movimento republicano, fraco na década de 70, começou a ganhar força na véspera da abolição da escravidão - cada vez mais os senhores de escravos, antes a base de apoio do regime, encaravam o destino da monarquia com indiferença ou hostilidade. O positivismo de Augusto Comte, bastante popular nos meios militares, se tornava influente e, por vezes, chocava-se com as práticas do regime. A ideologia apregoava, entre outras coisas, a existência de um governo "científico", forte e tutelar que superaria a turbulenta "etapa metafísica" da civilização, identificada com a monarquia. Nos últimos anos do império, republicanismo, positivismo e abolicionismo chegam a se confundir, minando os alicerces do regime.

Havia também uma crescente insatisfação entre os oficiais militares em relação ao governo devido a um conjunto de episódios que se convencionou chamar de "questão militar". Com efeito, os militares vinham reclamando de tratamentos e punições que consideravam injustas, e também reivindicavam o direito, que lhes era vedado, de se expressar publicamente pela imprensa. Nesse contexto, o Marechal Deodoro toma o partido dos militares e, em 1887, tem sua candidatura ao senado lançada pela Federação Abolicionista. Na segunda metade deste ano, Deodoro envia uma carta à princesa Isabel na qual declara que o exército não marcharia contra quilombos formados por escravos fugidos. O resultado a essa afronta foi seu afastamento e envio para o Mato Grosso, onde se tornou Comandante-Chefe das Forças de Terra e Navais.

Ao retornar ao Rio de Janeiro, Deodoro se envolveu nas conspirações antimonarquistas. Os republicanos instrumentalizam a "questão militar" e começam a conspirar ao lado do exército para depor o rei, e o próprio Deodoro passa a acreditar na solução republicana, a despeito de ter sido sempre um devoto monarquista. Na realidade, Deodoro dizia que só poderia proclamar a república após a morte do rei. Um episódio novo, contudo, precipitou os acontecimentos e obrigou os conspiradores a dar um golpe de Estado no dia 15 de novembro. Um dia antes, o Major Sólon Ribeiro veiculara boatos na Rua do ouvidor de que o gabinete do Visconde de Ouro Preto pretendia mandar prender Deodoro da Fonseca e Benjamim Constant, o que lançara as forças de oposição imediatamente à obra. Na madrugada do dia 15, o marechal Deodoro liderou alguns regimentos e cercou o Ministério da Guerra. As forças legalistas, sob a liderança de Floriano Peixoto, logo aderiram aos rebeldes. Os ministros foram presos e o ministro da marinha foi ferido à bala ao tentar reagir. O imperador D. Pedro II foi cercado no Paço da Cidade enquanto fugia ao ser avisado do golpe. Foi intimado a deixar o país, que passou a ser governado pelo Governo Provisório da República, encabeçado pelo marechal.

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Como chefe da república, Deodoro aplicou alguns princípios fundamentais da república, como a separação entre Igreja e Estado e a instituição do casamento civil. A constituição da primeira república foi promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891. Deodoro foi eleito, pelo voto indireto, presidente da República. 

Como presidente constitucionalmente eleito, Deodoro enfrenta várias crises, como a crise do encilhamento e a insubordinação na esquadra. Suas disputas com parlamentares, cujo ápice foi a dissolução do Congresso no dia 3 de novembro de 1891, levam o marechal a renunciar ao cargo no dia 23 de novembro do mesmo ano. Morre, profundamente decepcionado, no dia 23 de agosto de 1892, pedindo que fosse enterrado sem farda e sem condecorações.

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