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Ismael Nery

Pintor e desenhista

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Por Redação
Atualização:

Ismael Nery

9/10/1900, Belém (PA) – 6/4/1934, Rio de Janeiro (RJ)

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Embora seja considerado atualmente um dos maiores artistas de sua geração, ao lado de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, o pintor Ismael Nery não obteve reconhecimento em vida e nem mesmo algumas décadas depois de sua morte. Mudou-se para o Rio de Janeiro durante a infância, tendo estudado nos colégios Santo Antonio e Santo Inácio antes de ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, aos 15 anos de idade. Nessa época produz uma série de aquarelas e guaches. Em 1921, realiza sua primeira viagem à Europa, para estudar durante um ano na Academia Julian, de Paris. Este período marca o início da primeira fase de sua produção artística, marcadamente de caráter expressionista. De volta ao Brasil, começa a trabalhar como desenhista-arquiteto da Diretoria do Patrimônio Nacional, ligada ao Ministério da Fazenda. É ali que conhece o poeta Murilo Mendes, grande incentivador e posteriormente o principal responsável pela preservação da obra do artista. Nesse período, casa-se com a poeta Adalgisa Nery.

As preocupações filosóficas marcam toda a sua produção artística. O artista cria, nessa época, um sistema filosófico fundado na abstração do tempo e do espaço, para o qual a existência deveria se basear somente no cultivo de elementos essenciais e na evolução sobre si mesmo. Murilo Mendes denominou essa teoria de Ismael Nery de Essencialismo. Nesse período, suas pinturas são de influência marcadamente cubista. Em 1927, retorna à França, onde conhece o pintor Marc Chagall, o escritor André Breton e Marcel Noll. Seus quadros passam então a filiar-se à nova estética destes artistas, e ele se torna o pioneiro da arte surrealista no Brasil, tornando-se um grande vanguardista. O pintor não buscava uma identidade nacional, ao contrário dos outros artistas da primeira geração modernista, e se aproximava mais de valores universais, embasados em grande medida nas suas ideias místicas e em seu sistema filosófico. Alguns críticos enfatizam que a realidade brasileira estava ausente de seus trabalhos porque na década de 20 ele foi, no Brasil, o único pintor de tendência internacional.

Em seu retorno ao Brasil, realiza exposições em Belém e no Palace Hotel do Rio. Entre os que mais se entusiasmaram com sua pintura estava o escritor Graça Aranha, a quem o artista viria a oferecer um trabalho. Durante sua vida, realizou apenas três exposições individuais e participou do Salão Revolucionário de 1931 e da mostra organizada pela Sociedade Pró Arte Moderna (SPAM), em 1933.  Aos 30 anos, contrai tuberculose e é obrigado a diminuir o ritmo de trabalho. Interna-se no sanatório de Correias, em Petrópolis, onde permanece em tratamento por cerca de dois anos. A doença permeia seu processo criativo e, estruturalmente, a composição com figuras humanas permanece sendo o principal objetivo de seus problemas plásticos. O artista explora anatomias desfiguradas e imagens surrealistas de traços orgânicos que refletem seu frágil estado de saúde e sua consciência em relação à morte iminente.

Falece aos 33 anos. Em 1935, um ano depois de sua morte, o poeta Murilo Mendes organiza uma mostra retrospectiva da carreira do pintor, mas também dessa vez, tal como ocorrera nas outras três únicas exposições que fez em vida, ninguém adquiriu um só de seus trabalhos. Mais de dez anos depois, Murilo Mendes busca resgatar a memória do artista em seis artigos publicados no jornal O Estado de S. Paulo. Ismael Nery é redescoberto em 1965, quando a VIII Bienal de São Paulo o inclui na sala especial “Surrealismo e Arte Fantástica”. No ano seguinte, a Petite Galerie do Rio de Janeiro apresenta uma retrospectiva de seus trabalhos, com minucioso estudo da evolução de seu estilo, feito pelo crítico Antonio Bento. Atualmente, as telas do artista são valiosíssimas, e alcançam patamares superiores a R$ 1 milhão em diversos leilões de arte.

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