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Roberto Campos

Economista e político

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Por Redação
Atualização:

Roberto de Oliveira Campos

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17/4/1917, Cuiabá (MT) – 9/10/2001, Rio de Janeiro (RJ) 

Filho do professor Waldomiro Campos e de D. Honorina de Campos, perdeu o pai com apenas dois anos de idade. Influenciado pela mãe deixa sua cidade natal para estudar Teologia e Filosofia em um seminário católico. Entretanto a vida monástica não estava no futuro de Roberto, que abandonou a ideia de ser padre em 1937, um pouco antes de ser ordenado. Campos mudou-se para Batatais, no estado de São Paulo, onde conheceu sua futura mulher, Estela. Lá, por um curto período de tempo, deu aulas de grego e latim no Colégio São José. Pouco depois, Campos prestou concurso para diplomata, e foi convocado para trabalhar no Itamaraty em 1939. Tornou-se adido comercial da embaixada brasileira em Washington e, em 1945, obteve mestrado em economia pela Universidade George Washington. Quatro anos depois concluiu seu doutorado em economia pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Orientava-se, sobretudo, pelas teorias do liberal austríaco Friedrich von Hayek. Sua participação mais importante nesse período se deu em 1944, quando integrou a delegação brasileira na conferência econômica de Bretton-Woods, que estabeleceu as bases do sistema financeiro internacional nos moldes atuais. Nesta conferência foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Nessa ocasião conheceuo economista inglês Jonh Keynes, celebre por suas teorias de Estado como interventor na economia, que influenciaram em alguns pontos o pensamento de Roberto Campos. Voltou para o Brasil e entre 1951 e 1953 foi conselheiro econômico da Gestão de Desenvolvimento Econômico Brasil-Estados Unidos. Desempenhou a função de diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico de 1958 à 1959 participando da criação da Petrobras durante o governo Vargas (embora defendesse a empresa em moldes diferentes do que ocorreu, sendo de capital misto, e não estatal). Também coordenou as ações econômicas do Plano de Metas do governo Kubitschek.

Em 1959, foi nomeado embaixador nos Estados Unidos. Após o golpe civil e militar de 1964, que Roberto Campos apoiou, foi nomeado ministro do planejamento do governo Castello Branco. No cargo, implementou políticas de modernização econômica, criou o Estatuto da Terra, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e a Caderneta de Poupança, além de ter contido a inflação por meio do corte de gastos públicos. Suas propostas econômicas foram manifestas pela constituição de 1967. Foi presidente do Conselho Interamericano de Comércio e Produção entre 1968 e 1970, e embaixador do Brasil na Corte de Saint James entre 1975 e 1982.

Politicamente, Campos associou-se a partidos mais conservadores. Entre 1983 e 1990, foi senador pelo Partido Democrático Social (PDS, sucessor do partido ARENA) representando o Estado do Mato Grosso. Nas eleições indiretas para presidente, em 1985, votou para Paulo Maluf, membro de seu partido, tendo feito duras críticas a Tancredo Neves. Entre 1990 e 1998, foi deputado federal do Rio de Janeiro pelo Partido Progressista Brasileiro. Foi o primeiro deputado a votar a favor do impeachment de Fernando Collor, em 29 de setembro de 1992. Foi reeleito deputado. 

Perdeu a eleição para o senado depois de 16 anos de vida parlamentar. Em sua despedida do Congresso, se disse frustrado com com a “mesmice” da política brasileira e incapacidade do País em promover o desenvolvimento sustentado. Em um de seus últimos atos públicos, assumiu a cadeira de número 21 da Academia Brasileira de Letras, ocupando o lugar de Dias Gomes. Em seu discurso de posse, aproveitou para criticar o comunismo.

Faleceu vítima de um enfarte em seu apartamento em Copacabana, enquanto conversava com a filha Sandra. Considerado um dos mais importantes pensadores liberais do Brasil, destacou-se em diversas áreas, incluindo como autor. A maioria de seus livros são de viés econômico (como “Economia, Planejamento e Nacionalismo” de 1963, e “A nova economia brasileira”, de 1974) mas seu livro de maior repercussão foi “A Lanterna na Popa”, livro de memórias lançado em 1994. Escreveu com frequência artigos para o jornal Estado nas décadas de 1980 e 1990.

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