Sartre

Filósofo

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Por Redação
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Jean Paul Sartre

21/6/1905, Paris (França) - 15/4/1980, Paris (França)

Jean Paul Sartre foi um romancista, filósofo e dramaturgo francês. Considerados um dos mais importantes intelectuais do século XX. Ele é lembrado por seu pensamento filosófico existencialista e por seu engajamento político.

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Sartre nasceu no dia 21 de junho de 1905, em Paris, filho de um oficial da marinha e de uma jovem alsaciana. Perdeu o pai com pouco mais de um ano de idade e foi criado pelo avô materno. Graduou-se na Escola Normal Superior (Écola Normale Supérieure) em 1929. Foi lá que conheceu o sociólogo Raymond Aron, colega com quem viria a ter sérios conflitos intelectuais, e a feminista Simone de Beauvoir, com quem cultivaria um longo relacionamento amoroso. Em 1933, Sartre vai estudar em Berlim, onde aprofunda seu conhecimento sobre a filosofia de Edmund Husserl. Na cidade alemã, escreve seu primeiro ensaio filosófico, “A Transcendência do Ego”. Entre 1930 e 1940, lecionou filosofia, primeiro no liceu Le Havre, depois nos liceus Condorcet e Pasteur. Em 1938, publicou o romance “A Náusea” pela Gallimard. Também publica uma coletânea de contos chamada “O Muro”. Nessa época, Sartre inicia um relacionamento “aberto” com Simone de Beauvoir.

Sartre serviu o exército francês durante a Segunda Guerra e passou nove meses como prisioneiro alemão após ser preso em Padoux, mas foi liberado por conta de seu estado de saúde e se tornou um militante da resistência francesa, tendo inclusive escrito textos para o jornal clandestino “Combate”, de Albert Camus. Durante a ocupação alemã da França, Sartre publicou duas célebres peças de teatro: "As moscas" (1943), onde dizia que “a liberdade só tem sentido se se compromete numa causa”; e “Entre quatro paredes” (1944), onde se encontra sua célebre e incompreendida afirmação “o inferno são os outros”. Sartre também escreveu ensaios sobre Baudelaire (1947) e Jean Genet (1952).

Sartre se tornou um dos autores mais discutidos e debatidos da França após a guerra. Em 1945, Sartre publica seu "A Idade e a Razão" e funda, com Merleau-Ponty, a revista "Les Temps Modernes" (Os Tempos Modernos). Em 1946, Sartre pronuncia a conferência "O existencialismo é um humanismo". Em 1952, ele adere ao Partido Comunista, com o qual romperá quatro anos mais tarde, com a divulgação das informações acerca dos expurgos de Stálin. Em 1960, Sartre publica sua "Crítica da Razão Dialética" e visita o Brasil. Sartre foi contra a guerra francesa na Argélia e a guerra do Vietnã.

Nos primeiros anos da década de 60, Sartre e Beauvoir são ameaçados por grupos de direita que se opõem à sua militância pela causa argelina. Em 1962, o apartamento de Sartre é destruído por uma bomba lá colocada por grupos direitistas. Um ano depois, ele publica seu debatido “O ser e o nada”. Em 1964, é escolhido para receber o prêmio nobel de literatura que ele recusa. Três anos depois, Sartre e outros intelectuais organizam o Tribunal Russell, voltado para o julgamento de crimes de guerra dos Estados Unidos. Em 1968, se engaja na revolta estudantil de maio, tendo sido preso por desobediência civil. No entanto, foi imediatamente perdoado pelo então presidente Charles de Gaulle, que comentou: “não se prende Voltaire”. Em 1970, o escritor apoia o grupo maoista "Esquerda Proletária". Três anos depois, assume a direção do jornal de esquerda "Libération".

No final da vida, a saúde de Sartre deteriorou-se rapidamente. Em 1973, o escritor ficou quase totalmente cego. Sartre fumava excessivamente, o que possivelmente contribuiu para a debilitação de sua saúde. No final da vida, escreveu uma enorme obra analítica sobre Gustave Flaubert, mas não conseguiu concluí-la. Morre no dia 15 de abril de 1980 por conta de um edema pulmonar.

A filosofia de Sartre o consagrou. Para ele, a consciência é o objeto final da existência humana. Inspirado pelas reflexões de filósofos como o alemão Martin Heidegger e o dinamarquês Sören Kierkegaard, Sartre pensou a existência humana como um fato contingente, opondo-se aos determinismos de todos os tipos. Segundo ele, o homem está condenado a ser livre, embora procure negar sua liberdade, e deve aceitá-la para se tornar um ser moral pleno. Tal aceitação envolve alguma forma de comprometimento que, aliás, também deveria caracterizar a literatura. Sartre também abraçou o marxismo e lhe deu nova vida, buscando realizar uma crítica consequente de seu arcabouço teórico.

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