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Le Vin Filosofia

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Hambúrguer pede vinho: provamos 13 rótulos de diversos estilos

Na prova de diversos estilos e preços entre R$ 69 e R$ 254, confira o que combina com o sanduíche

Um hambúrguer com um tinto elaborado com a uva zinfandel foi uma das melhores harmonizações da degustação entre vinhos e o famoso sanduíche norte-americano. Este resultado confirma uma das regrinhas básicas destes casamentos gastronômicos: o prato local combina com o vinho da região. É assim com chablis e as ostras, com um italiano chianti com pasta com molho à bolonhesa e foi assim com o hambúrguer e o vinho.

A ideia da degustação é encontrar estilos de vinho que harmonizem com o hambúrguer Foto: Taba Benedicto/Estadão

A zinfandel é uma variedade de uva de origem croata, que chegou na Califórnia nos anos 1820 e se adaptou muito bem por lá – é uma das variedades mais plantadas nos EUA. A uva também faz muito sucesso na região da Puglia, na Itália, onde é conhecida como primitivo (nesta combinação não pode ser testada aqui porque a garrafa do Primitivo di Manduria estava com problemas e foi descartada).

A ideia da degustação é encontrar estilos de vinho que harmonizem com o hambúrguer – no caso, o sanduíche com pão, queijo, carne bovina, cebola roxa, alface, tomate e maionese, acompanhado de batata frita (degustamos o Stencil, do Bullguer, sem o seu molho). Desta prova com os 13 vinhos, as melhores harmonizações foram com vinhos que apresentavam um toque tostado, que vem da passagem da bebida em barricas de madeira. Esta característica combinou com a carne e também com o tostadinho do pão.

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Na combinação, o chamado “peso” do sanduíche foi importante – tanto os vinhos mais leves como os mais encorpados não harmonizaram com o hambúrguer. O salgado da batata frita contrastou de forma saborosa com o toque frutado, que às vezes traz uma sensação mais doce, do vinho. A gordura da carne e do queijo pediam tintos com mais acidez. O hambúrguer também combinou com os tintos mais rústicos.

Os vinhos foram degustados separadamente com suas características anotadas. Depois, sanduíche e vinho foram provados juntos pelos degustadores por Felipe Campos, da The Wine School Brasil, e por Suzana Barelli.

Hambúrguer com um tinto elaborado com a uva zinfandel foi uma das melhores harmonizações Foto: Taba Benedicto/Estadão

As melhores combinações 

Parducci Small Lot Zinfandel 2015Mendocino Country, EUA (R$ 254, na Mistral)

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Tinto intenso, na cor rubi bem escura, nas notas aromáticas lembrando frutas negras mais maduras; e no corpo. Destaque para os taninos bem macios e para a longa persistência em boca, com uma leve sensação de doçura no final. Na prova, o vinho melhorou com o sanduíche; o tanino escoltou a carne; e os toques doces encontraram eco na cebola roxa, por similaridade, e com a batata frita, por contraste. Vinho e prato cresceram em sabor.

Errazuriz Reserva Cabernet Sauvignon 2019Aconcagua, Chile (R$ 110, na Grand Cru)

Bom representante dos cabernet sauvignon chilenos, com notas de frutas vermelhas e negras maduras, uma lembrança de goiaba e outra de cassis no nariz. Com corpo médio, tem taninos firmes traz um leve toque mentolado no final. Na harmonização, vinho e sanduíche tinham o mesmo peso no paladar, o tanino combinou com a carne, tornando o casamento bem harmônico. As notas frutadas casaram com o recheio do sanduíche, o salgado da batata deu um bom contraste.

Proyeto Las Compuertas Durigutti 2020 Luján de Cuyo, Argentina (R$ 135, na Domínio Cassis)

De cor vermelho claro, é elaborado com a variedade criolla chica, cultivada em parreral, e traz aromas muito frutados, lembrando tutti-fruti, com perfil mais rústico, com boa acidez, equilibrada com o seu corpo médio. Gostoso para tomar sem compromisso e também para acompanhar o hambúrguer, com um casamento entre as duas rusticidades.

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O vinho cresce com o hambúguer 

Don Nicanor Barrel Select Cabernet Franc 2018Vistaflores, Argentina (R$ 206,99, na Casa Flora)

De coloração purpura, este cabernet franc top de linha da Nieto Senetiner se destaca pelas notas de madeira, com baunilha e tostados, percebidos até antes do seu toque frutado. Tem frutas maduras, lembrando ameixas, e taninos presentes e macios. Com o sanduíche, foi o caso em que o vinho melhora muito com a comida. Na harmonização, seus toques intensos de madeira casaram com a carne, e os dois sabores combinaram bem, inclusive com o salgado da batata.

Single Vineyard Pinot Noir Block 21 2017Vale de San Antonio, Chile (R$ 168, na World Wine)

Este tinto chileno traz aromas de frutas vermelhas mais maduras, lembrando amoras e ameixas, um toque de ervas, e muitas notas de madeira no final. De corpo médio, é um tinto com mais extração de fruta e com notas de madeira presente, que quase encobrem a fruta. O vinho melhora muito com o hambúrguer, ao casar com as notas mais tostadas da carne. Seus toques frutados também encontram eco na combinação com o sanduíche e no contraste com a batata frita.

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Torres Coronas Tempranillo 2018Catalunia, Espanha (R$ 89,90, na Cantu)

De cor rubi e aromas que remetem às cerejas frescas, este representante espanhol elaborado apenas com a uva tempranillo se destaca pelo frescor, pelo leve toque salgado no paladar e um tostado. De corpo médio, tem um tanino presente com leve adstringência. Com o hambúrguer, as arestas do tanino foram resolvidas, destacando as boas notas frutadas da bebida. Combinou, mas não brilhou.

Vallado Três Melros 2018Douro, Portugal (R$ 199,90, na Evino)

Ainda jovem, este tinto da vinícola Vallado tem cor rubi bem violácea, com nariz exuberante, lembrando as flores de esteva. Encorpado e frutado, com taninos macios. Combinou com o sanduíche pelo seu toque frutado, que se tornou agradável a cada mordida. A batata frita trouxe um bom contraste, pelo seu toque salgado, tornando melhor a harmonização.

Na combinação, o chamado “peso” do sanduíche foi importante – tanto os vinhos mais leves como os mais encorpados não harmonizaram com o hambúrguer Foto: Taba Benedicto/Estadão

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Combina, mas não brilha 

Hey Malbec! 2020Mendoza, Argentina (R$ 138, na Winebrands)

O enólogo Matias Riccitelli elabora este malbec com foco em destacar suas notas de frutas vermelhas mais frescas e o toque floral. De corpo de média intensidade, é muito fresco, jovem e redondo no paladar. Com o hambúrguer, o resultado foi um vinho ainda mais frutado e gostoso, mas se a bebida tivesse um pouco mais de acidez, seria uma melhor combinação gastronômica.

Cortes de Cima Syrah 2016Vidigueira, Portugal (R$ 250, na Adega Alentejana)

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De coloração rubi mais escura, este tinto alentejano destaca-se pelos aromas presentes de frutas vermelhas maduras, e também por um toque mais doce. No paladar, seus taninos são firmes e macios, com boa persistência e acidez correta. Deu certo na harmonização, com o toque de fruta madura casando com a combinação carne-queijo-cebola roxa. E a batata frita combinou muito com o vinho.

Vinho para um lado, comida para o outro 

Alto de La Ballena Reserva Tannat – Viognier 2016Maldonado, Uruguai (R$ 229,90, na Evino)

O representante uruguaio traz cor rubi concentrada, notas de frutas vermelhas mais ácidas, uma boa nota de especiarias (cravo). Encorpado, tem boa acidez, taninos presentes e boa persistência. Com o sanduíche, o vinho passou por cima do hambúrguer, deixando no paladar toda a sua riqueza, mas sem harmonizar com a comida.

Santa Rita Rosé 2018Vale Central, Chile (R$ 72,99, no Pão de Açúcar) 

Este rosado de cor mais acobreada é elaborado no Chile com a uva cabernet sauvignon. Destaca-se pelas notas de frutas vermelhas frescas, lembrando framboesas, e pelas ervas de cozinha (tomilho). No paladar, tem corpo leve para médio, com frescor em evidência. Na harmonização, o vinho não tem estrutura para acompanhar o sanduíche, e some no paladar. Mas combinou bem com a batata frita.

Bicicleta Pinot Noir Limited Edition 2019Chile (R$ 69, na La Pastina)

Pinot noir simples e bem elaborado, de cor rubi clara, com notas de cerejas e morangos mais doces, uma ponta de pimenta, que deixa o tinto quase ardidinho. Apresenta corpo leve e pouca acidez. Interessante para beber sem compromisso, mas desaparece com o hambúrguer e, assim como o rosado, vai bem com a batata.

Casa Valduga Terroir Merlot 2015Vale dos Vinhedos, Brasil (R$ 129, na Sampa Vinho)

De cor rubi bem escura, o representante brasileiro apresentou poucas notas frutadas, lembrando ameixas, e um toque de madeira mais antiga. De corpo médio, taninos com algumas arestas. Infelizmente a harmonização não funcionou. O tostado da carne e do pão deixou o vinho mais amargo, e os dois brigaram no paladar.

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