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Le Vin Filosofia

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O tanino do vinho pode ajudar a inibir a covid?

Pesquisa de universidade de Taiwan aponta que ele pode ter efeitos para inibir a atividade de duas enzimas do coronavírus

A pergunta do título é traiçoeira, mas viralizou na internet neste final de semana. A causa é uma pesquisa da Universidade de Taiwan, a China Medical University, que apontou que os taninos do vinho podem ter efeitos para inibir a atividade de duas enzimas do coronavírus. O trabalho foi divulgado pelos pesquisadores chineses no final de dezembro e virou notícia no site especializado “The Drinks Business”.

A pesquisa não é conclusiva (leia o relatório dos pesquisadores em www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7783773/), mas aponta que os ácidos tânicos podem ter efeito sobre as enzimas do Sars-CoV-2, controlando o aumento de sua carga viral. A ideia dos pesquisadores era encontrar compostos naturais que poderiam ter efeito sobre o vírus. E, em uma segunda etapa, que ainda não aconteceu, estudar se os alimentos com muitos taninos, como a uva, poderiam ser utilizados no combate à doença.

Taninos têm conhecidos compostos antioxidantes, anti-inflamatórios, antitumoral e anti-trombótica. 

No começo da pandemia no Brasil, em março do ano passado, a Federação de Enologia da Espanha publicou um documento afirmando ser impossível que a covid-19 sobreviva ao vinho. Na época, os espanhóis informaram ainda que o vinho contribui para a higiene bucal e da faringe, locais de passagem do vírus, o que reduziria a chance de um tomador habitual da bebida desenvolver a doença. Assim como no estudo chinês, não foi realizado nenhum estudo complementar mais detalhado sobre o dito poder curativo do vinho.

Os taninos entraram na pauta do estudo por seus conhecidos compostos antioxidantes, anti-inflamatórios, antitumoral e anti-trombóticos. Sabe-se que o vinho, principalmente o tinto, tem um papel importante no chamado “Paradoxo francês”. Substâncias como o resveratrol e os polifenóis, encontrados na bebida, ajudam a explicar porque os franceses têm proporcionalmente menos problemas cardíacos do que os moradores de outros países, mesmo tendo uma dieta rica em gorduras saturadas.

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Nestes estudos ficou comprovado que são essas substâncias presentes na casca da uva que justificam a saúde cardíaca dos franceses. O paradoxo, vale o parêntese, foi importantíssimo para o aumento do consumo do vinho, principalmente o tinto, e há médicos que recomendam uma taça por dia a seus pacientes, conforme os seus problemas de saúde.

Os estudos do vinho, lembra o médico e professor da The Wine School, Felipe Campos, esbarram na questão de ser uma bebida alcoólica, com todos os efeitos colaterais do seu consumo em excesso. Não dá para pesquisadores indicarem a voluntários que consumam vinho para testar a sua eficiência frente a uma doença. Os estudos, nesta área, tendem a ser realizados por observações e coleta estatística de dados.

Para nós, leigos, o melhor, ao menos por enquanto, é deixar essa discussão sobre o vinho e a covid para a mesa de bar virtual, claro, em conversas on-line com os amigos. E sobre a pergunta do título, infelizmente a resposta é não.

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