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Le Vin Filosofia

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Vinho português, de alma brasileira

Investidores brasileiros concretizam o sonho de ter a sua própria vinícola em Portugal; vários fatores explicam essa atração pelos vinhedos portugueses; confira

A Menin Douro Estates é a mais recente vinícola portuguesa de dono brasileiro a trazer seus vinhos para nosso país. Seu primeiro rótulo, o Douro’s New Legacy Reserva 2018, tem tiragem limitada e preço ambicioso: cada uma das 3.625 garrafas é vendida por R$ 1.990 no mercado brasileiro. De propriedade dos empresários Rubens Menin, dono da construtora MRV Engenharia, entre outros negócios, e de Cristiano Gomes, com carreira em finanças, o vinho mescla a exuberância do Douro, com elegância e frescor.

Douro's New Legacy Reserva 2018, primeiro rótulo da Menin Douro Estates a chegar no Brasil. Foto: Menin Douro Estates

É também um tinto único, elaborado apenas na safra de 2018 pela dupla de enólogos portugueses, Tiago Alves de Sousa, consultor, e João Rosa Alves. Naquela safra, com os vinhedos recém-comprados, a decisão foi elaborar os vinhos para conhecer o potencial da propriedade. As melhores 12 barricas foram selecionadas e, pela sua qualidade, deram origem a este vinho. Cerca de 60% de suas uvas vieram de uma vinha com 100 anos de idade, com variedades plantadas misturadas. Os 40% restantes são de touriga nacional, plantada há 45 anos. O vinho amadureceu em barricas de carvalho, 90% deles francês e 10% norte-americano.

Terminada a safra, a decisão foi replantar a maioria do vinhedo. “O vinho se transformou em um marco do projeto”, define Rosa Alves. Agora, já conhecendo o vinhedo, a ideia é elaborar um novo tinto ícone, batizado de Beatriz, em homenagem a esposa de Menin, e também uma linha completa de vinhos, com tintos, principalmente, mas também Portos e brancos, estes de vinhas novas, plantadas com variedades como viosinho, gouveio, arinto e rabigato, nos pontos mais altos e frescos do vinhedo. Os vinhos serão comercializados tanto em Portugal como no Brasil.

Douro's New Legacy Reserva 2018 é um tinto único, comtiragem limitada e preço ambicioso. Foto: Menin Douro Estates

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A Menin entrou no mundo do vinho ao comprar duas quintas em 2018, a Quinta da Costa de Cima e a vizinha Quinta do Sol. Estreantes no mundo do deus Bacco, os sócios já investiram mais de 30 milhões de euros no projeto de ter uma vinícola em Portugal, aliás duas. No primeiro semestre deste ano, a Menin comprou a Horta Osório Wines, também no Douro.

Seguem os exemplos de outros investidores brasileiros que optaram por concretizar o sonho de ter a sua própria vinícola em Portugal. O empresário João Carlos Paes Mendonza, do setor de supermercados e shoppings centers, é dono da Quinta Maria Izabel, no Douro; Alberto Weisser adquiriu em 2015 a Herdade dos Coelheiros, no Alentejo; e os executivos cariocas José Afonso Castanheira e Luiz Antônio Viana de Oliveira fundaram a Duas Árvores, também no Douro.

Vinhedos daMenin Douro Estates, em Portugal. Foto: Menin Douro Estates

“A avaliação é que o Douro tem uma história para escrever nos vinhos tranquilos. Tem potencial para crescer e ganhar valor, ao contrário de regiões já consagradas pelos seus vinhos, como França e Itália”, afirma Alves. Esta história vem sendo escrita pelo vinho do Porto há mais de três séculos, quando a área de seus vinhedos foi demarcada por Marques de Pombal. Mas, nos chamados vinhos tranquilos, aqueles que não são fortificados, esta história é recente e ainda há muito o que fazer – e contar na taça. Com pouquíssimas exceções, os tintos e brancos quase não existiam até os anos 1990 nesta região ao norte de Portugal.

Vários fatores explicam esta atração que os vinhedos portugueses exercem nos empresários brasileiros, desde a semelhança linguística e a homenagem àqueles cuja família imigrou de Portugal para o Brasil, até aqueles que querem ter uma oportunidade de negócios na Europa. O fato é que todos eles se apaixonam pelos vinhedos. No projeto da Menin, há um grande investimento nos vinhedos e também em conhecer as variedades lá cultivadas – na tradição do Douro, as uvas eram plantadas misturadas nos vinhedos, inclusive brancas e tintas. Nos 11 hectares de vinhas velhas, centenárias, por exemplo, foram encontradas 54 variedades diferentes. Outro foco do projeto é o enoturismo, incluindo o resgate de uma antiga estação de trem, que passa pela propriedade.

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