As adegas de supermercado são um território polêmico: em uma ponta, para os enófilos iniciantes, são praticamente tudo o que há, a única possibilidade para se comprar vinhos; na outra, para os mais experimentados e exigentes, um mar de rótulos comerciais com pouca novidade; e para a grande maioria dos consumidores, um lugar para garantir a bebida do dia a dia.
Pensando em facilitar a compra de vinhos no supermercado para esses três grupos, reuni dicas dos sommeliers Anna Rita Zanier, da Vinum Est; Neri Bonacina, do Seen, e Tafael Marcon, do Satú. De quebra, os especialistas ainda indicaram alguns rótulos que consideram “achados”.
A primeira regra é perder o preconceito, se é que ele existe. Há, sim, coisas boas nas gôndolas e o fato desse tipo de loja reunir vinhos comerciais é, na verdade, uma garantia de segurança: bons preços e ausência de defeitos.
Na hora de escolher, prefira vinhos para o dia a dia, mais baratos (e deixe a compra dos grande rótulos para lojas especializadas). Para não errar aqui, compre apenas safras recentes, de até três anos. O que esses vinhos terão de melhor é justamente a jovialidade, o frescor. Quando envelhecem, viram cilada. “Nas grandes liquidações, há sempre vinhos brancos de dez anos de idade. Aí é realmente furada”, afirma Bonacina.
Ele lembra que o supermercado é uma ótima porta de entrada para os vinhos nacionais. “Vai ser difícil encontrar bebidas de vinícolas pequenas, mas as grandes estarão lá, Miolo, Aurora, que têm preço bom”, diz.
É importante verificar o estado da garrafa. A cápsula deve estar intacta, a rolha não pode estar estufada e se o rótulo de papel estiver sujo ou rasgado, não compre, pode ser a indicação de mau armazenamento em algum momento.
O fato de as garrafas estarem em pé em lojas grandes não é de assustar, há muita rotatividade, o vinho não vai estragar. Mas fuja de garrafas expostas à luz e calor, isso sim pode trazer danos à bebida, recomenda Anna Rita Zanier.
Ela lembra também que é importante verificar sempre as informações do rótulo e contra-rótulo e ficar atento à denominação de origem e, principalmente, produtor – se a vinícola é conhecida há mais chances de se tratar de um produto seguro.
Ainda no rótulo, algumas palavras são mais marqueteiras que relevantes, como é o caso de “reservado”, que não quer dizer muita coisa, lembra Tafael Marcon. Não confundir com vinho de reserva ou grand reserva, que para os espanhóis indica a passagem por madeira.
Se tem qualquer dúvida, procure o vendedor, que pode solucionar questões e indicar o estilo do vinho. Se não achar um vendedor treinado, apele para o celular. Uma busca pelo nome do rótulo ou um aplicativo tipo Vivino podem trazer informações salvadoras.
Se você quer beber um espumante, verifique o método de produção. Se eleger um Charmat, mais simples, pegue o mais barato. “Eles não serão tão diferentes entre si”, afirma Marcon. Já entre um francês e um brasileiro de mesmo preço, seja nacionalista, pois o brasileiro deve trazer mais qualidade.