O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conta com a ajuda do calendário eleitoral para se equilibrar numa corda bamba entre o Supremo Tribunal Federal e a bancada evangélica na Casa. Os congressistas pressionam para votar a Proposta de Emenda Constitucional que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de drogas e, com isso, impor uma derrota ao STF que descriminalizou o porte de maconha para consumo próprio. Para Lira, não é interessante se indispor com nenhum dos lados.
Mostra disso é que ora ele faz gesto para agradar um grupo, ora para o outro. Tão logo ocorreu a decisão do Supremo, Lira criou a comissão especial para discutir a PEC. Em seguida, num evento em Lisboa com a participação de magistrados, disse que a tramitação da proposta não seria acelerada.
Se seguir à risca o regimento, a estimativa é que a votação da PEC ocorra, no mínimo, em setembro. A comissão especial tem de prazo dez sessões para receber emendas parlamentares e a contagem começa após o colegiado ser instalado. Por enquanto, os partidos estão indicando os nomes. Ainda haverá o recesso de julho e as semanas sem votação em agosto e setembro por causa das campanhas municipais.
Os deputados se dividem ao avaliar se o tempo esfriará o tema. Mas sabem que o calendário vai caminhar para a reta final de negociações para Lira decidir quem apoiará na disputa pela presidência da Câmara em 2025. E o líder do Centrão precisa de apoio da bancada evangélica para eleger seu sucessor.
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